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Recuperação industrial sucessivamente adiada

Veículo: Estadão
Seção: Economia e Negócios
 
Em maio, as expectativas de retomada da economia, em geral, e da indústria, em particular, foram proteladas mais uma vez, mostrou a Pesquisa Mensal de Emprego e Salário (Pimes) do IBGE: o nível de emprego e o número de horas pagas pelas empresas caíram. O número de vagas cedeu 0,5% entre abril e maio e 0,7% entre os meses de maio de 2012 e 2013 - e, sob esse critério, é o vigésimo resultado negativo consecutivo e o pior desde dezembro de 2009. A indústria de transformação começa a ajustar o quadro de pessoal à demanda. Esta é insatisfatória e a tendência é de declínio na oferta de vagas.
 
De positivo, nos dados, só o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores (+1,7% em relação a abril), mas em decorrência de um fato isolado - aumento de 29,4% do setor extrativo, com o pagamento de participação nos lucros e resultados de uma grande empresa da área.
 
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi) já fala em "desânimo empresarial" após a queda de 2% da produção da indústria, em maio. Um especialista em emprego, Nelson Marconi, da FGV, notou que os ciclos de desemprego começam pela redução do número de horas trabalhadas.
 
Por ora, nem todos os trabalhadores estão perdendo, pois quem está empregado parece preservar os rendimentos. Entre maio de 2012 e maio de 2013, a folha de pagamento nominal aumentou 12,7% e a folha de pagamento real avançou 5,8%. Portanto, a inflação em alta ainda não chegou a afetar mais duramente os empregados da indústria. Os números também são positivos na comparação entre os primeiros cinco meses do ano passado e deste ano e entre os últimos 12 meses, até maio, e os 12 meses precedentes. Houve até, em maio, pequena aceleração nos ganhos reais, comparativamente aos dois meses anteriores.
 
A piora do emprego generalizou-se: entre janeiro e maio, afetou 12 das 18 regiões avaliadas. Foi mais grave na Região Nordeste (contribuindo para a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff, que nas eleições de 2010 lá obteve votação maciça). A queda do emprego regional foi elevada em setores como calçados e couro, alimentos e bebidas, minerais não metálicos, refino de petróleo e produção de álcool, têxteis e máquinas.
 
Em poucas áreas, em geral beneficiadas pelo agronegócio, o emprego se manteve. Foi o caso do Centro-Oeste e de Santa Catarina. Mas o agronegócio não basta para compensar outros cortes de vagas.


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