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Com avanço da Aliança do Pacífico, Mercosul naufraga

Veículo: Brasil Economico
Seção: Blocos
 
Marcelo Ribeiro
 
A adesão de países latino-americanos ao novo bloco econômico é prejudicial ao Brasil, que perde em competitividade.
 
Diferentemente do "colega" Mercosul, a Aliança do Pacífico iniciou nesta quinta-feira (23/5) uma nova etapa de sua ascensão meteórica enquanto bloco econômico e parece incansável quanto a possibilidade de administrar novas adesões para expandir a sua área de livre comércio.
 
O novo grupo, que integra as economias de México, Colômbia, Peru e Chile, teve encontro de cúpula em Cali iniciado hoje. Os sócios pretendem estabelecer uma área de livre comércio poderosa e vem despertanado a atenção de outros polos financeiros. 
 
Os avanços do bloco, porém, refletem negativamente no exigente Mercosul, que sempre estabeleceu uma série de regras para incluir novos componentes. Há algum tempo, o bloco mais antigo da América do Sul sondava o ingresso dos colombianos. 
 
Os problemas financeiros da Argentina e o ambiente pouco democrático da Venezuela seriam determinantes para frear a evolução mais expressiva do bloco fundado em 1991, afirma Regiane Bressan, professora de relações internacionais das Faculdades Rio Branco. A especialista ainda considera que as divergências das agendas dos 5 países do bloco (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) colaboram para o desempenho decepcionante.
 
"A evolução da Aliança deve afundar ainda mais o Mercosul. Caso continue apresentando a unidade inicial, o novo bloco pode despachar o Mercosul para uma derrocada histórica", diz Regiane.
 
A ascensão do novo grupo não é nada positiva para o Brasil, segundo Roberto Simonard, professor de Economia Internacional no curso de Administração da ESPM Rio. "A Aliança permitirá que os Estados Unidos retomem sondagens mais firmes à região e o Brasil tem grande desvantagem em relação aos americanos por ser menos competitivo. Alguns mercados que entraram para a Aliança, como Colômbia e Chile, eram consumidores tradicionais de produtos brasileiros. Avalio que nosso país terá de rever sua posição na política externa". 
 
O especialista da ESPM ainda afirma que a economia brasileira tem ineficiências, que travam qualquer possibilidade de o país demonstrar menos fragilidade. "O Brasil tem que ser mais eficiente. Não estamos sendo. A agenda do Brasil em conjunto com os países que compõem a Aliança do Pacífico reduziu bastante em 2012. Com o estabelecimento do bloco, essa agenda ficará menor e as transações ainda mais modestas", avalia Simonard. "Esses países que eram nossos clientes tenderão a comprar mais produtos chineses, mexicanos e americanos", completa. 
 
Regiane ainda classifica a Aliança como uma verdadeira "pedra no sapato" para a consolidação da Unasul e obstáculo para a expansão do Mercosul. Ela sinaliza também que a nova sociedade tem como estratégia isolar governos mais autônomos, como a Venezuela e a Bolívia, e travar os avanços dos chineses. "A Aliança é uma forma de os Estados Unidos resgatarem influência na região. Há países como México, Colômbia, Chile e Peru que já adotam as políticas neoliberais de Washington. Também acredito que seja uma maneira de frear a influência comercial e político-militar que a China tem para os países da região". 
 
A professora da Rio Branco ainda considera que o Brasil tem como enfrentar essa aceleração americana. "Eu não acho que os Estados Unidos devem servir como inimigos e sim como desafio para o Brasil definir o seu posicionamento", conclui Bressan. 
 
Equador: A bola da vez
 
Frustrado com a Comunidade Andina, o Equador teria sido sondado pelo Mercosul e pela Aliança. Dividido, o país estaria avaliando vantagens comerciais em ambas as adesões. A decisão pode sair nos próximos dias.
 
"Para o Brasil, o Equador é muito interessante dada a posição geopolítica. O país vem investindo há um bom tempo em infraestrutura no país, porque já visava uma aproximação comercial. Se os equatorianos não fecharem as portas para o Brasil, deverão ser muito utilizados por facilitar o acesso do país ao Pacífico", considera Simonard.


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