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Empresário é eleito presidente paraguaio

Veículo: Folha de São Paulo

Seção: Mundo
 
Conservador Horacio Cartes restabelece a hegemonia do Partido Colorado, que estava fora do poder desde 2008
Seu principal rival, Efraín Alegre, aceitou a derrota com 50% dos votos apurados; país deve voltar ao Mercosul
 
ISABEL FLECK, ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO
 
Após cinco anos de jejum, o Partido Colorado, que governou o Paraguai por seis décadas, teve seu retorno ao poder confirmado pelo voto.
 
O candidato do partido, o empresário Horacio Cartes, 56, derrotou o liberal Efraín Alegre por pouco menos de dez pontos percentuais na disputa pelo mandato até 2018.
 
Com 81% das urnas apuradas ontem, Cartes tinha 45,9% dos votos contra 36,8% de Alegre. Não há segundo turno no país. A posse ocorre em agosto.
 
Em seus dois discursos de vitória --na sede de sua campanha, num bairro nobre de Assunção, e na sede do Partido Colorado, no centro--, Cartes pediu a união entre os partidos e a confiança da população.
 
"Venceu o Paraguai, e o meu compromisso é com todos os paraguaios da república", disse, enrolado na bandeira paraguaia e ao som da polca (música tradicional do país). O colorado destacou não querer mais "nem fanatismo, nem sectarismo" entre os partidos.
 
"Quero ganhar a confiança de toda a população", disse o controverso empresário, sobre o qual pairam acusações de possíveis ligações com o narcotráfico e lavagem de dinheiro.
 
A vitória foi reconhecida por Alegre, apoiado pelo atual governo, quando havia cerca de 50% das urnas apuradas.
 
"O povo paraguaio se pronunciou e nós respeitamos", disse o liberal Alegre, que é do mesmo partido do presidente Federico Franco.
 
A realização de eleições no país era a condição mínima colocada pelos países do Mercosul para atestar a volta da democracia ao país e considerar seu retorno ao bloco --do qual está suspenso desde o questionado impeachment-relâmpago do presidente esquerdista Fernando Lugo, em junho passado.
 
A participação foi de 68,5%, índice um pouco mais alto que nas eleições de 2003 e 2008. Centenas de observadores internacionais acompanharam o processo eleitoral, que transcorreu com tranquilidade.
 
A calmaria só foi quebrada por uma declaração do vice-presidente do TSJE (Tribunal Superior de Justiça Eleitoral), Juan Manuel Morales, que "antecipou" a vitória colorada no meio do dia.
 
COMEMORAÇÃO
 
A festa colorada começou no fim da tarde, antes mesmo do anúncio oficial, quando pesquisas de boca de urna já apontavam uma vantagem de mais de 14 pontos percentuais a Cartes.
 
À noite, manifestantes já tomavam as ruas da capital, cobrindo Assunção de vermelho --a cor do partido--, buzinando e soltando fogos de artifício. Uma multidão se concentrou em frente à sede colorada, comemorando aos gritos de "voltamos".
 
O Partido Colorado governou o Paraguai por 60 anos, entre 1948 e 2008.
 
A tradicional legenda, cuja imagem está intimamente ligada à da ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-89), apostou numa campanha que promete "novo rumo para o Paraguai".
 
Apesar de ser o retorno de um partido que dominou a cena política por tanto tempo, eleitores justificaram o voto a Cartes pelo desejo de "mudança".
 
As acusações contra o empresário também foram minimizadas.
 
"Todos são inocentes até que se prove o contrário", afirmou o pedreiro Fernando Alarcón, 46. "Nunca provaram nada contra ele."


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