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Um ano depois, dois segmentos colhem resultados positivos

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil

Por Camilla Veras Mota e Marta Watanabe | De São Paulo

Os setores calçadista e de vestuário, os primeiros segmentos da indústria submetidos à desoneração da folha de pagamento, começaram a colher resultados positivos em 2013. No primeiro bimestre deste ano eles ampliaram produção, contratações e exportações, No setor externo, especialmente, o desempenho é superior à média da indústria.

O saldo de vagas formais criadas pela indústria têxtil e de confecção nos meses de janeiro e fevereiro deste ano foi quase 160% maior do que o registrado no mesmo período de 2012, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Na mesma comparação, os fabricantes de calçados abriram 29% mais empregos.

Os dados de janeiro da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação com igual mês do ano passado, mostram avanço para os segmentos de confecção e calçados, que reverteram assim a queda registrada no primeiro mês de 2012.

Os resultados mais expressivos, porém, vêm das exportações. Os setores tiveram resultados positivos no primeiro bimestre, enquanto praticamente todas as outras categorias de manufaturados, que ensaiavam uma recuperação no último trimestre de 2012, apresentaram queda nas vendas. Na comparação com janeiro e fevereiro de 2012, em volume, as exportações das indústrias de confecção e de calçados cresceram 10,1% e 11,4%, respectivamente, andando na contramão do total das exportações, que recuou 6,4%, segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). As exportações são excluídas do cálculo de faturamento bruto usado como medida para a cobrança do imposto que substituiu a folha de pagamento e, por isso, não são tributadas pelo novo regime.

Os dados da Funcex mostram que os setores de confecções e têxtil diminuíram os preços de venda para o mercado internacional como uma estratégia para ganhar mercado. Enquanto na média as exportações brasileiras ficaram 1,1% mais baratas, em confecções, o recuo foi de 6,4%, e no setor têxtil o preço médio de venda ficou 2,9% menor no primeiro bimestre deste ano em relação ao início de 2012.

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit) contabiliza que a desoneração devolveu ao setor R$ 920 milhões, 0,9% de sua receita global. Aguinaldo Diniz, presidente da entidade, reitera que a intensidade do impacto tem uma variação grande dentro do setor, mas afirma que, "de forma geral, houve ganho representativo". "Não resolve de o problema, mas ajuda", diz.

Depois de um 2012 complicado, em que a indústria de confecção somou perdas na produção de 10,46%, e a têxtil, de 4,2%, o setor tem perspectivas de crescimento melhores neste ano. O avanço na produção de vestuário foi avaliada como bom sinal. Como o segmento está na ponta da cadeira produtiva, avalia Diniz, ele deve estimular os fabricantes de tecidos, que tiveram resultado negativo na última pesquisa de produção, a fabricar mais nos próximos meses.

Heitor Klein, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), julga que o principal efeito da medida de desoneração se deu no repasse dos ganhos para os preços praticados no mercado externo. A Abicalçados calcula que o preço médio de exportação do calçado brasileiro caiu 15,7% em 2012 em relação ao ano anterior, de US$ 11,47 para US$ 9,65.

O repasse, continua Klein, é uma tentativa de recuperar o terreno perdido para a concorrência asiática, que tem crescido inclusive no mercado interno. Por isso, a entidade mantém o prognóstico pessimista para 2013. "O apoio foi importante para manter o setor estável", defende. "Mas não foi suficiente para restabelecer a performance dos anos anteriores", completa. Entre 2004 e 2009, a média em valor das exportações de calçados brasileiros variava entre US$ 1,8 bilhão e US$ 1,9 bilhão. Em 2011, o montante caiu para US$ 1,29 bilhão e, no ano passado, chegou a US$ 1,09 bilhão. Parte desse recuo está associado, contudo, as barreiras impostas pela Argentina.

 


 



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