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Preocupação com finanças reduz confiança do consumidor, diz FGV

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil

Por Alessandra Saraiva | Valor

A preocupação do consumidor quanto ao futuro de suas finanças pessoais levou à sexta queda consecutiva no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em março (-2%), divulgada nesta segunda-feira pela Fundação Getulio Vargas.

Segundo a coordenadora técnica de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Viviane Seda, há meses o consumidor mostra preocupação quanto à sustentabilidade da recuperação da economia, o que conduziu as quedas anteriores no indicador.

Agora, essa desconfiança, que continua, levou a um quadro de incerteza quanto ao orçamento familiar para os próximos meses.

Um dos aspectos citados pela economista foi a percepção do consumidor quanto ao cenário atual no mercado de trabalho.

De acordo com ela, em março, todas as faixas de renda pesquisadas para cálculo do ICC mostraram piora em sua avaliação sobre abertura de novas vagas. Isso está diretamente ligado à atividade econômica, ainda fraca, salientou a especialista.

Ela acrescentou que, em março, o consumidor também notou desaceleração no ritmo dos setores de comércio e serviços, e de construção – as mais intensivas em emprego, lembrou Viviane.

Além de elevar o nível de preocupação do consumidor quanto às finanças futuras, as incertezas quanto à economia e ao mercado de trabalho nos próximos meses também mantiveram estagnada a intenção de compra de duráveis (como automóveis e geladeiras) afirmou a técnica.

“Tivemos uma alta de 0,8% na intenção de compra de duráveis em março, mas consideramos esse percentual uma estabilidade, por ser muito próximo a zero”, disse, lembrando que, antes de março, a intenção de compra de duráveis mostrou duas quedas sucessivas mensais. Ela observou que, quando há dúvidas sobre o futuro do orçamento familiar, o consumidor retrai compras - principalmente de maior valor agregado, como duráveis.

Quando questionada se o atual cenário poderia se reverter nos próximos meses, a técnica foi cautelosa. Ela admitiu que o ICC de março não indica nenhuma sinalização de reversão do atual quadro de mau humor no consumidor brasileiro. No entanto, considerou que, no primeiro trimestre, sondagens da FGV mostraram um início de recuperação nos investimentos, com melhora de expectativas na indústria de bens de capital.

Ao mesmo tempo, vários empreendimentos na construção civil, relacionados direta e indiretamente aos grandes eventos mundiais esportivos que o país será sede, devem acelerar ritmo esse ano – o que pode conduzir a uma melhora na atividade desse segmento, beneficiando o mercado de trabalho como um todo. “Existem  perspectivas favoráveis. Mas não é certeza [a reversão de queda no ICC]”, avaliou.
 



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