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Fornecedor lucra com soluções para evitar desperdícios

Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas

Por Jacilio Saraiva | Para o Valor, de São Paulo

Pequenos fornecedores de serviços e equipamentos estão atraindo novos clientes com a ajuda de tecnologias verdes, que ajudam a reduzir despesas com energia e água, além de tratar metais pesados. As novidades prometem cortar o consumo de água na indústria têxtil em até 80% e emagrecer em 55% a conta de energia de residências, graças a projetos de automação. Os empresários também desenvolveram ralos especiais que aproveitam o calor da água usada no banho e processos de descontaminação de lâmpadas que contêm mercúrio.

A Golden Tecnologia, que fabrica produtos químicos para o setor têxtil, desenvolveu uma solução para o tingimento de tecidos que promete reduzir em até 80% o consumo de água na produção e diminuir a contaminação de efluentes. "A economia acontece quando a água usada é colocada em um tanque, para reutilização, sem a necessidade de tratamentos", afirma Alessandro De Marchi, diretor de mercado da empresa, com fábrica em Potim, interior de São Paulo.

Clientes como Santaconstancia, Lupo e Grupo Riachuelo já usam a novidade, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), na Espanha, com o apoio da Golden Tecnologia. "Temos dados de que 80% da água que foram para processos de tingimento puderam ser reutilizadas", destaca. "Alguns dos clientes usaram o material por mais de 200 vezes, com a mesma solução. Em comparação a processos convencionais, 100% da água seria descartada, podendo poluir ainda mais os leitos dos rios."

Os investimentos na fórmula, segundo De Marchi, são inferiores a 5% do valor de uma máquina de tintura. Com um faturamento previsto de US$ 30 milhões neste ano, a empresa pretende crescer 15% em 2013. "Esperamos que, até 2016, a nova tecnologia represente 30% do nosso faturamento", afirma Há outros projetos focados na economia de água e energia, ainda mantidos em segredo.

A Tramppo desenvolveu uma tecnologia que realiza a descontaminação de lâmpadas que contém mercúrio. "Trabalhamos para ter uma produção limpa, sem descartes em aterros, utilizando equipamentos de tecnologia própria", explica a diretora Elaine Menegon Chermont.

O processo de descontaminação é feito na sede da empresa, em Cotia (SP). Em 2011, foram tratados dois milhões de lâmpadas e a meta para 2012 é fechar o ano com três milhões de unidades recicladas. Segundo Elaine, o vidro é enviado para a indústria de cerâmica e o mercúrio segue para universidades para fins de pesquisa.

A empresa de 20 funcionários faturou R$ 2,2 milhões no ano passado e espera faturar R$ 3,1 milhões em 2012. A cartela de clientes inclui o Metrô de São Paulo, Hospital Albert Einstein, além de prefeituras e montadoras de veículos. "São mais de 200 toneladas ao ano de vidro que deixam de ser jogadas em aterros e voltam para a cadeia industrial", diz. O preço do serviço varia de R$ 1 a R$ 2,50 por lâmpada, dependendo do volume contratado e da distância para a retirada do material.

A EnerCycle, da área de reciclagem de energia, deve lançar no próximo ano um produto que aproveita o calor da água quente que escoa pelo ralo durante os banhos para usá-lo em novos processos de aquecimento. "Com isso, pode-se consumir menos energia elétrica ou menos gás para elevar a temperatura da água até o nível desejado", afirma a diretora Ana Paula Brucoli. A empresa está incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), em São Paulo (SP).

O alvo de Ana Paula são construtoras envolvidas em projetos habitacionais, empreendimentos imobiliários e hoteleiros, além de hospitais e clubes com alta demanda por aquecimento de água. Segundo a empresária, a tecnologia batizada de "ralo recuperador de energia" proporciona uma economia superior a 35% da força usada para aquecer as tubulações. "Essa conta responde, em certos casos, por até 80% do gasto de energia elétrica de uma residência." O produto deve custar de R$ 600 a R$ 800.

A diminuição da conta de energia também está na agenda de empresas que trabalham com automação de projetos de iluminação e arquitetura. Na Wall Lamps, a proposta é um sistema de LED que promete entregar um consumo até 90% inferior, comparado ao das lâmpadas incandescentes comuns. "A durabilidade das unidades é até 20 vezes maior", diz o diretor de tecnologia Rogerio Bueno. Um projeto em um apartamento de cem metros quadrados pode custar a partir de R$ 8 mil.

Outra aposta da empresa para 2013 é um serviço de automação que ajuda os consumidores a controlar e programar o uso de aparelhos elétricos, por meio de smartphones e computadores portáteis. É possível, segundo Bueno, diminuir ou desligar a iluminação em ambientes e escolher os horários de funcionamento das unidades de ar-condicionado. "Os principais clientes ainda são redes de hotéis e empreendimentos comerciais, mas há um crescimento de demanda entre usuários residenciais, preocupados com o consumo eficiente."

Na Parallax, empresa de automação residencial com oito funcionários, a oferta é aproveitar a iluminação natural com o acionamento automático de persianas, integrar equipamentos de ar-condicionado e dispositivos de controle de água. "É possível programar a irrigação do jardim e das bombas das piscinas", diz o sócio Guilherme Dellarole, que pretende fechar o ano com um faturamento de R$ 650 mil.

"A automação é baseada em tecnologias sem fio e a instalação é feita sem a necessidade de reformas", diz o empresário, que abriu a Parallax este ano. De acordo com o tamanho da residência, a redução energética pode chegar a 55%, em projetos que custam de R$ 5 mil a R$ 9,5 mil.

 


 



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