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Mercado vê retomada dispersa e rebaixa previsão do PIB para 2013

Veículo: Folha de S. Paulo
Seção: Mercado

 

 

GUSTAVO PATU
MARIANA SCHREIBER
DE BRASÍLIA

A recuperação ainda tímida e irregular da economia está elevando o ceticismo em relação à previsão oficial de um crescimento de pelo menos 4% no próximo ano.

Embora pesquisa divulgada pelo Banco Central a cada segunda-feira aponte que essa é a aposta central de analistas e investidores há 14 semanas, a aparente estabilidade esconde uma tendência de piora das expectativas.

O BC divulga a mediana das projeções pesquisadas, ou seja, o valor que divide ao meio o conjunto das respostas obtidas.

Em termos simplificados, metade do mercado espera crescimento igual ou inferior à mediana; a outra metade prevê avanço maior ou igual.

Quando se pesquisa a média das previsões coletadas, a mudança de humores é mais visível. Nesse cálculo, a expansão do PIB esperada em 2013 caiu nas últimas seis semanas de 4% para 3,87%.

Os números indicam que estimativas estão sendo revisadas para baixo, seja na metade mais otimista, seja na banda pessimista de bancos, consultorias e entidades.

No primeiro caso está o Itaú Unibanco, que até a semana passada acreditava em um crescimento de 4,5% no próximo ano e agora se alinhou à mediana do mercado.

"A retomada avança de forma heterogênea", resume relatório distribuído pelo banco a seus clientes. Em outras palavras, nem todos os setores e atividades acompanham os bons resultados comemorados, por exemplo, no consumo, na produção agrícola e no emprego.

Os principais retardatários, segundo o texto, são os investimentos e as exportações -o que mostra a fraqueza da indústria, cuja produção recuou em setembro.

O Itaú também prevê queda de 0,5% no índice de atividade econômica do BC referente ao mês retrasado, a ser divulgado nesta semana.

Entre os mais pessimistas, a Fundação Getulio Vargas vai detalhar, em sua revista mensal sobre a conjuntura, por que espera crescimento de 3,4% em 2013.

A FGV aponta que o início de recuperação da indústria, até agosto, foi baseada em desonerações tributárias promovidas pelo governo, especialmente para automóveis.

"É possível que tal política tenha levado à antecipação de compras, e não ao aumento sustentado de produção."

Para o economista José Márcio Camargo, da PUC-RJ, o custo elevado de produção no país e o cenário externo estão desestimulando os investimentos, o que limitará a expansão do PIB a algo entre 2,5% e 3%.

"As medidas de curto prazo provocaram uma recuperação da economia, mas sem investimento não há crescimento de longo prazo."

Bráulio Borges, da LCA Consultores, é um dos que mantêm o otimismo: "As medidas de estímulo estão começando a fazer efeito. A economia vai crescer 4,3%, puxada pelo investimento".

Com a previsão de retomada mais modesta, os analistas agora apostam que o juro do BC não subirá em 2013.

  Editoria de Arte/Folhapress  

 



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