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Temor com oferta faz algodão subir em NY

Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas


O descontentamento com os resultados da colheita de algodão nos Estados Unidos causou uma súbita inversão no rumo dos preços na bolsa de Nova York. Nesta semana, as cotações da fibra já avançaram 5,47%, embora ainda acumulem queda de 17,28% no ano e de 22,97% em 12 meses, segundo cálculos do Valor Data.

Ontem, os contratos com entrega em março de 2013 (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) fecharam em alta de 1,65% (123 pontos), a 75,84 centavos de dólar por libra-peso. Os papéis de vencimento mais curto, para dezembro, foram além e encerraram com ganhos de 4%, a 77,86 centavos de dólar por libra-peso, o maior valor em quatro meses.

Segundo Bruno Zanutto, consultor da FCStone, a baixa qualidade do algodão recém-saído dos campos americanos preocupa. "O que se comenta é que, dos 28% já colhidos, menos da metade apresentam boa qualidade. Assim, alguns players têm optado por comprar contratos futuros na tentativa de receber a commodity entregue na bolsa, que possui um padrão de qualidade", diz. A situação é complicada pelo fato de que os estoques de algodão certificado em Nova York são os menores em 17 anos.

Nos últimos dias, as compras de algodão da China (maior importador mundial) foram frequentes, mas de baixos volumes. Indústrias locais vinham adquirindo o produto no exterior porque, mesmo com um imposto de 40%, o valor compensava. "O algodão importado chegava a US$ 1,33 por libra-peso. Se comprassem dos estoques do governo, as indústrias pagariam US$ 1,45 por libra-peso", diz Zanutto.

Com a recente alta, no entanto, a expectativa é que as beneficiadoras optem por adquirir no mercado interno ou importar fios. "Se a cotação recuar a 71 centavos de dólar por libra-peso, a demanda chinesa pode retomar a força", prevê Zanutto.

No mercado brasileiro, os preços não refletem o ânimo de Nva York. Ontem, o indicador Cepea/Esalq registrou alta de 0,01%, a US$ 1,5353 por libra-peso; no mês, a queda alcança 2,76%.

A expectativa é de que a disparada externa favoreça produtores brasileiros que venderam algodão com preço a fixar. Para o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), pode haver ainda uma melhora na liquidez no mercado interno, que estava com vendas retraídas.

Mas, por ora, não se espera um aumento na área plantada em 2012/13, porque os produtores nacionais já se planejaram e compraram a maioria dos insumos para a próxima temporada.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma queda de 17% na safra 2012/13 de algodão, para 1,56 milhão de toneladas, diante da elevação nos custos de produção e dos preços mais atraentes da soja. As exportações tendem a recuar 33%, para 680 mil toneladas, depois do recorde estimado para a temporada 2011/12 - até setembro deste ano, o país já embarcou 631 mil toneladas.



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