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Crise leva ministério a abandonar meta de exportar US$ 264 bilhões neste ano

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil

 

Ruy Baron/Valor

 

Tatiana Prazeres: valor de exportações em agosto foi segundo maior da história.

 
Coincidindo com o fim dos embarques antecipados de soja brasileira, em agosto, pela primeira vez em 2012 as exportações acumuladas durante o ano do Brasil à China ficaram menores que no mesmo período do ano passado. O mau desempenho do comércio exterior no mês passado levou o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira a admitir pela primeira vez que o governo abandonou a meta de ampliar as vendas externas neste ano para US$ 264 bilhões. O objetivo, agora, é manter as exportações próximas ao patamar do ano passado, em torno de US$ 256 bilhões, informou.


"O governo não vai atingir a meta de exportação para este ano, mas o resultado deve ser muito melhor do que tínhamos de 2008 para 2009, época do primeiro mergulho da crise", argumentou Teixeira, lembrando que, entre 2008 e 2009, as exportações chegaram a cair 23%.

Os dados de agosto ainda sofrem distorções devido às greves na Receita Federal, Ministério da Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgãos responsáveis por autorização de entrada e saída no comércio exterior. Mas o principal fator de influência é a crise global, afirmou o secretário-executivo. "O cenário ainda está confuso", comentou, ao explicar porque o governo não fixou uma nova meta de exportações.

O principal entrave ao comércio exterior brasileiro é a desaceleração das principais economias do mundo, contra a qual o governo tem muito pouco a fazer, disse Teixeira. Ele informou que o governo estuda a conveniência de tomar novas medidas de apoio aos exportadores, como a prorrogação do Reintegra, que devolve às empresas, em dinheiro ou crédito tributário, o equivalente a 3% do faturamento com exportações. "Tenho certeza de que o ministro (da Fazenda), Guido (Mantega) tem sensibilidade para saber se o mecanismo precisa ser renovado ou não", disse. O Ministério da Fazenda informa ser prematuro falar em prorrogação do Reintegra, que acaba em dezembro.

O valor das exportações no mês passado, US$ 22,4 bilhões, foi o segundo da história para os meses de agosto, só superado pelo resultado do mesmo mês em 2011 - quando, como lembrou a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, o país teve o maior valor de exportações mensais da história.

Agosto também teve o maior saldo comercial do ano, US$ 3,2 bilhões. Como as greves afetaram tanto o registro das vendas externas quanto o desembarque de importações, o ministério não tem estimativa de quanto as paralisações de funcionários públicos influíram nesse resultado.

A alta nos preços do minério de ferro em 2011, quando a tonelada chegou a US$ 137, afetou positivamente o resultado de agosto do ano passado. Neste ano, com a tonelada a US$ 100, o minério de ferro passou a somar cerca de 12% das vendas totais brasileiras, e contribuiu para a piora do desempenho da balança comercial, ao sofrer uma queda de quase 40% nas vendas em agosto. O saldo acumulado no comércio exterior brasileiro chegou a US$ 13,2 bilhões, 34% abaixo do valor registrado de janeiro a agosto do ano passado.

Além do minério de ferro, houve quedas fortes na exportação de soja em grão (antecipadas no primeiro semestre) e petróleo. As quedas foram compensadas, em parte, com o aumento de 60% na exportação de milho e de 49% nas vendas de farelo de soja.

No comércio de manufaturados, o Brasil teve mau desempenho na venda de automóveis (-19% em comparação com agosto de 2011), especialmente com a queda nas exportações à Argentina, mas teve excelente resultado na venda de aviões, que aumentou quase 7% (US$ 488 milhões), a países como China, Índia, Indonésia, Alemanha e Itália.

As importações em agosto, de US$ 19,2 bilhões, tiveram o segundo maior resultado para o mês na história. Entre janeiro e agosto, o país bateu em agosto um recorde em importações, US$ 147,4 bilhões, 0,5% acima do resultado no mesmo período de 2011. O destaque foram os manufaturados não duráveis e semiduráveis, especialmente remédios, alimentos e têxteis. (SL)

 


 



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