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Preço médio do importado cai 3,3% em julho

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil


Os importados ficaram na média, e em dólar, 3,3% mais baratos em julho em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). A desvalorização do real tornou o importado mais caro na hora de converter os preços em moeda nacional. A mudança no câmbio, porém, fez o importador negociar o preço em dólar dos produtos comprados do exterior. Como resultado, o fornecedor estrangeiro, para não perder mercado, absorveu parte do custo da desvalorização do real e os preços em dólar caíram.

Também contribuiu para a queda de preços a manutenção de um cenário mundial com grande oferta de produtos manufaturados. O comportamento dos preços em julho não foi pontual. Em junho, ante o mesmo mês de 2011, a fundação já havia registrado recuo no preço, mas mais modesto, de 1,4%.

Ajudaram no resultado os bens de consumo não duráveis, que ficaram 7,4% mais baratos em julho na comparação anual, e os combustíveis, com queda de 8,4%. Em relação a junho, o preço total das vendas ao exterior caiu 1,6%.

As exportações também apresentaram recuo de preços, mas mais significativo: 7,8%. O dado, contudo, era esperado pelos analistas diante do recuo da cotação das commodities neste ano, já que bens básicos representam cerca de metade das vendas ao exterior. A quantidade de exportações, andou em mão contrária e aumentou de 2,4% em julho.

Para Rodrigo Branco, economista da Funcex, os principais países produtores de manufaturados no mundo "estão fazendo liquidação, pois há excesso de oferta em função da desaceleração das principais economias", o que deixa as compras mais baratas.

O próprio Brasil, que se tornou um mercado atrativo para os grandes produtores em função da demanda doméstica mais aquecida que a americana ou a europeia apresentou redução na quantidade importada. Em julho, houve a queda, calculada pela fundação, de 2% na comparação anual. As compras de bens duráveis tiveram grande peso no resultado. Puxada por automóveis, elas declinaram 16,9% em quantidade.

Mas apenas a desaceleração global não é suficiente para explicar o resultado. O câmbio também teve influência, segundo Branco. Como os contratos de importação e exportação têm duração de três a seis meses em média, o novo nível do dólar, de R$ 2, que se estabilizou entre março e abril, começa agora a ter efeito nas negociações entre compradores e vendedores.

"O efeito é distribuído mais na cadeia, não só pelo comprador final. O vendedor sabe que ficou mais caro para o importador, que viu sua margem se espremer um pouco depois de um bom tempo de câmbio mais favorável junto com recessão e estagnação externa. Alguns empresários já me disseram que estão botando essa margem menor na mesa de negociação, o que influencia um preço menor, ou mesmo diminuindo ela no preço final", afirmou.

A análise por setor mostra que a aceleração da queda de preços em julho em relação ao mês anterior foi disseminada. Dos 30 setores levantados pela fundação, 22 apresentaram redução. Com forte demanda interna, apresentaram queda produtos ligados a máquinas e equipamentos (5,2%), têxteis (4,3%) e derivados de petróleo e biocombustíveis (10,4%).

Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, acredita que o resultado global é explicado muito mais pelo cenário externo do que pelo câmbio. "O empresário até pode pedir um desconto, mas o principal é que a seta está para baixo nos preços dos manufaturados. A Ásia tem excesso de estoque. A alta acumulada no ano só acontece por causa das commodities", disse, referindo-se a alta de 2,2% no preço das importações entre janeiro e julho.

Para agosto, Branco prevê que as importações vão manter o mesmo nível de preços, enquanto as exportações devem ficar com os preços levemente mais altos na comparação anual. A queda na cotação dos produtos básicos começou a acontecer por essa época em 2011. Neste ano, os preços devem mostrar recuperação em virtude da quebra de safra de soja e milho nos EUA por fatores climáticos.



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