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Marcas famosas consolidam sua presença no país

Veículo: Valor Econômico
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Ana Auriemo, do Shopping Cidade Jardim: equipe dedicada integralmente a estudar o mercado internacional.

A marca francesa Goyard, que acaba de estrear no Brasil, deu as boas novas ao freguês expondo na vitrine de sua loja no shopping JK a mala "armarium" - uma miniatura de armário com cabides e gavetas. O mimo exclusivo, no qual se pode estampar o nome dono, assim como todas as peças em couro dessa marca centenária, custa R$ 237.650,00.

Outra francesa, a Hermès, chegou por estas bandas trazendo para a consumidora brasileira sua linda coleção e uma promessa: a chance de que se possa encomendar a bolsa mais desejada do mundo, a Birkin - batizada com esse nome em homenagem à atriz Jane Birkin. Mas, diferentemente da atriz Samantha do seriado Sexy in The City que, bem relacionada, consegue furar a fila, é preciso encarar uma longa espera e ainda pagar um preço superior a R$ 20 mil.

O sapato mais sensual do planeta, com seu inconfundível solado vermelho, agora tem um menu variado para vestir os pés das brasileiras que quiserem comprar um exemplar de um legítimo Louboutin sem ter que cruzar o oceano. No Brasil, os modelos - desenhados em Paris e feitos na Itália - custam algo a partir de R$ 2 mil, preço equivalente ao Simple Pump, o scarpin com salto de dez centímetros, modelo mais vendido da marca. Na Europa, sai por 400 euros. Mesmo com preço superior ao de par de sapatos convencionais, os "Laboutins" encantam as mulheres. A operação brasileira, logo de início, já mostrou à matriz que suas vendas ultrapassaram as expectativas desde que chegou por aqui no ano de 2009. Hoje são duas lojas. Uma em São Paulo e outra em Brasília.

Além das chamadas "Big Five" - as cinco marcas internacionais de grande prestígio do mundo: Hermès, Chanel, Prada, Louis Vuitton e Gucci, que são também as que apresentam o volume de vendas mais elevado - uma cartela de outras tantas grifes vem chegando à praça brasileira desde 2008, num movimento jamais visto no país. Nessa safra de grifes que já estão por aqui, há de tudo um pouco. Pode ser de um delicioso macarron Ladurée, o queridinho das francesas desde 1862, a um poderoso Aston Martin, Bentley ou Bugatti, os velozes que agradam aos homens. A soma de etiquetas sofisticadas pode chegar, ao todo, à casa das 50 marcas nos últimos quatro anos. E, pelo menos, 30 delas com debut marcada para este ano. Um bocado delas se confirmou agora com a abertura do shopping JK, na semana passada, e anteriormente com a inauguração do Shopping Cidade Jardim, ambos em São Paulo. Este último promete a chegada de nomes que ainda não estão atuando no Brasil pelo que adiantou a diretora Ana Auriemo. "Como parte do time das inéditas, serão inauguradas no segundo semestre deste ano as lojas Cartier, Fendi, Dior, Issa e ainda há outras em negociação", ressalta sem, no entanto, dar pistas das novas marcas.

As grifes querem trazer toda a coleção e ter maior controle sobre o atendimento e a disposição das lojas

Demanda reprimida, melhora de renda, acesso a crédito e, talvez, a facilidade de comprar parcelado - afinal, o Brasil é um dos raros mercados no mundo onde se compra luxo em suaves prestações. Seja o que for, a verdade é que o mercado de artigos de luxo nunca cresceu tanto. Apenas no ano passado faturou R$ 20,9 bilhões no Brasil, um estrondoso crescimento de 38% em comparação com o ano anterior, de acordo com pesquisa das consultorias MCF e GfK. E, ao que tudo indica, deverá crescer ainda mais. Até porque, a população das classes A e B, fiéis e potenciais fregueses de marcas de grife, deverá aumentar ainda mais. Algo como 29% entre 2012 e 2012, segundo projeções da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

"Sempre houve o desejo de se consumir estas marcas, mas o Brasil tinha um mercado restrito, primeiro em razão de sua economia fechada, depois por conta das barreiras estruturais e mesmo da desconfiança dessas grifes em apostar no país. Atualmente, o cenário é completamente diferente", afirma o consultor Alberto Serrentino, especialista em varejo e dedicado ao segmento de luxo.

O movimento é tão forte que até mesmo grifes que já estavam presentes no Brasil decidiram abrir mão do representante local para montar operação própria. Com isso, sepultaram de vez um modelo que, por anos e anos, prevaleceu no varejo de luxo. Antes, as grandes marcas não queriam correr o risco de fincar o pé num mercado considerado periférico e com vendas pouco significativas. E a chegada no país era feita por um representante brasileiro que assumia os riscos de uma operação, fazia o investimento necessário e ainda vendia os produtos da marca.

"Essa maneira de lidar com os negócios se esgotou. As grandes marcas perceberam os altos índices de crescimento no país", afirma o empresário André Brett, conhecido como o "conquistador de marcas". Afinal, o herdeiro da Vila Romana (vendida em 1992), trouxe para cá, a D&G, Pierre Cardin, Calvin Klein, Yves Saint Lauren, Christian Dior (estas não estão mais em suas mãos), Armani e Ermenegildo Zegna. De todas estas marcas, ele mantém somente a representação da Armani Exchange que tem nove lojas e um contrato que expira apenas daqui há cinco anos. Ele se tornou consultor da marca italiana Tod's que estreia também no país com operação própria.

"As grifes querem ter maior controle sobre o atendimento, a disposição das lojas, e o lado interessante é que, como operadores próprios, podem trazer toda a coleção para o país e não apenas uma parte das peças", destaca Serrentino. Outras que optaram por tentar voo solo são a francesa Lacoste, que encerrou um contrato de 27 anos com a Paramount Têxtil, e a Burberry que retornou ao Brasil com duas lojas próprias, depois de uma parceria mal-sucedida por meio de um franqueado.

Para evitar um casamento mal feito, a sacada de grandes shopping centers tem sido investir antes em um namoro bem cauteloso. O Shopping Cidade Jardim, por exemplo, criou uma unidade de "retail" justamente para viabilizar a vinda de algumas marcas, a exemplo da Hermès, Jimmy Choo, Pucci, Valentino e Red Valentino (essas duas últimas ainda não inauguradas). "Formamos uma equipe dedicada e atenta integralmente a estudar o mercado internacional e pesquisar tendências, buscando atrair para o mercado brasileiro as novidades e operações de sucesso no mundo", destaca Ana Auriemo, a diretora do Shopping Cidade Jardim.

 


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