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Salários e câmbio pressionam a indústria

Veículo: O Estado de S. Paulo
Seção: Economia
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Além da fraca demanda externa, a indústria chinesa enfrenta pressão de custos em razão do aumento de salários nos últimos dois anos e da apreciação do yuan, o que reduz as margens de lucro ou obriga o fechamento de empresas.

A fabricante de brinquedos Jaihong, com sede em Guangdong, disse que o valor das encomendas que recebe a cada mês caiu para US$ 200 mil neste ano, menos de um terço da média de US$ 700 mil registrada em 2011."Eu não vejo nenhum sinal de que a situação vai melhorar no futuro próximo, já que tanto o mercado doméstico quanto o externo estão ruins", disse ao Estado Zhong Jianrong, gerente da fábrica, que emprega 170 pessoas.

Metade da produção da Jaihong é exportada, principalmente para Europa e Estados Unidos. "Nós esperamos que o governo anuncie medidas de apoio ao setor e que isso ocorra logo. Do contrário, haverá perdas sem precedentes", ressaltou.

Zhong afirmou ter reajustado o salário de seus funcionários no ano passado, quando havia escassez de mão de obra em Guangdong, província que concentra a indústria exportadora da China.

"Por enquanto, nós só reduzimos as horas de trabalho. Não queremos demitir operários porque tradicionalmente o segundo semestre é melhor para a indústria de brinquedos, mas eu não sei se este ano será assim", observou. "Nossos custos estão muito altos."

As 30 mil fábricas têxteis que operam em Foshan, em Guangdong, também enfrentam problemas. O secretário-geral da Associação da Indústria Têxtil da cidade, Wu Haoliang, disse que 90% das empresas foram afetadas pelo cenário externo hostil e a desaceleração da economia doméstica. "Os pedidos da Europa caíram de 15% a 20% e a situação no mercado interno não é encorajadora", declarou.

Segundo ele, o setor trabalha com margem de lucro bastante reduzida, de cerca de 3%, e qualquer retração nos pedidos tem impacto negativo imediato. "Nós não ganhamos ou perdemos dinheiro." Apesar do cenário adverso, não houve demissões em massa no setor. "Se os operários saem, pode ser difícil encontrar novas pessoas quando o mercado melhorar. Por isso, a maioria das fábricas reduz as horas extras e paga apenas o salário-base", relatou.

Luo Fengtin, vice-diretor da empresa de recursos humanos Xinlucheng, de Shenzhen, ressaltou que a demanda por empregados caiu de maneira acentuada neste ano, na comparação com 2010. "A principal razão é que os negócios não vão bem, em especial para as empresas que dependem do mercado externo. Mas não há desemprego massivo ou fechamento indiscriminado de empresas."

Tecnologia. Diretor do Centro de Estudos da Situação de Guangdong, Feng Shengping afirmou que a situação não é ruim para todos os setores. Os fabricantes de produtos intensivos em mão de obra e de baixo valor agregado (como brinquedos e têxteis) sofrem mais com a retração da demanda externa. Segmentos de alta tecnologia e valor agregado conseguem enfrentar a crise em melhores condições.

As autoridades de Guangdong desejam reduzir o peso na economia local das indústrias de baixo valor agregado e estimular a expansão de setores de alta tecnologia - processo que pode ser acelerado pelas atuais dificuldades dos pequenos exportadores./ C.T.



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