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Indústria joga isca para seduzir Argentina

Veículo: Folha de S. Paulo
Seção: Mercado
Página:

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
SUN NINGYI
DE BUENOS AIRES

O Brasil pode aumentar em até US$ 6 bilhões as importações da Argentina num prazo de até cinco anos. Atualmente, o saldo comercial favorece o Brasil. Por ano, o país compra US$ 17 bilhões e vende US$ 22 bilhões.

O cálculo foi apresentado por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), anfitrião do maior encontro entre empresários argentinos e brasileiros já organizado.

A reunião em São Paulo visou retomar o ambiente de negócios. Os empresários foram reunidos em grupos de acordo com a atividade. Representantes da Transpetro conversaram com os de estaleiros argentinos. De montadoras, com os do setor de autopeças do país vizinho.

O tema das barreiras a produtos -como calçados, vestuário, autopeças e linha branca- ficou de lado.

Em fevereiro, a Argentina estabeleceu um sistema de licenças para autorizar importações com a meta de impedir a fuga de capitais e equilibrar a balança comercial.

"O fato de [as barreiras] não terem sido o assunto principal é uma indicação forte de que esse problema deve se diluir prontamente. Há sinais por parte do governo de que haverá uma solução no que diz respeito ao problema no Mercosul", disse Miguel Ponce, da Câmara de Importadores Argentinos.

Pesquisa da Fiesp com 211 empresas brasileiras identificou 38 produtos argentinos apontados como estratégicos e competitivos, segundo o governo Cristina Kirchner.

Somente desses produtos, o Brasil comprou US$ 2,054 bilhões do país vizinho em 2011. Adquiriu US$ 12,1 bilhões de outras nações.

A Fiesp defende que boa parte dessas compras seja redirecionada para fornecedores argentinos.

A sondagem da indústria paulista mostrou que metade das empresas consultadas considera a possibilidade de comprar da Argentina a médio prazo.

VOOS FRETADOS

Três voos fretados trouxeram a São Paulo 580 empresários argentinos de 270 empresas. A missão comercial foi chefiada por Guillermo Moreno, secretário de Comércio Interior e homem forte do governo Kirchner.

A Fiesp quer a reaproximação comercial sob a lógica de que o "reequilíbrio" entre os dois países possa levar o principal parceiro do Mercosul a baixar a guarda.

"O objetivo é pensar em como eliminar os obstáculos e aumentar o comércio. O Brasil vendendo mais e comprando mais dos argentinos, buscando equilíbrio na balança comercial", disse Skaf.

Por ora, os números do comércio bilateral indicam piora do ambiente. As exportações brasileiras para a Argentina caíram 11,7% de janeiro a abril deste ano na comparação com igual período de 2011. As importações do Brasil também cederam: ficaram 7,3% menores.

Para Ponce, representante dos importadores argentinos, a reunião de ontem em São Paulo foi satisfatória.

"Tudo o que for feito de boa vontade para melhorar a cooperação bilateral é uma iniciativa. Para os argentinos, é muito importante esse sinal de apoio vindo do Brasil. A convocatória para a reunião foi vista dessa forma", disse.



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