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Mercado já vê juro de um dígito por 9 anos

Veículo: O Estado de S. Paulo
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SÃO PAULO - Investidores já apostam que o Brasil terá juro de um dígito ao menos pelos próximos nove anos. Após a mudança nas regras da poupança e diante de novas indicações de que a recuperação de Europa e Estados Unidos deve demorar, ganha força a análise de que a taxa de juros básica (Selic) seguirá abaixo de 10%.

A avaliação dos investidores é que os resultados fracos da economia e a determinação da presidente Dilma Rousseff em baixar os juros devem manter as taxas baixas por muito tempo no País.
Ontem, contratos de juros futuros vencendo até 2021 já sinalizavam juro de um dígito, fato inédito. Em maio, inclusive, a Selic deve cair novamente, para 8,5%.
Esse quadro favorável ao juro baixo foi reforçado pelo ambiente externo, com a indefinição trazida pela vitória da oposição na França e na Grécia e a criação de empregos em abril 30% abaixo do previsto nos Estados Unidos.
As notícias derrubaram os juros no mercado futuro, segmento em que são negociadas as taxas previstas para os próximos meses e anos. Mais do que recuar no curto prazo, o mercado reforçou o entendimento que a taxa deve seguir sem elevação expressiva no longo prazo. Ou seja, os cortes continuam em maio e julho e, depois, a taxa pode até voltar a subir para conter a inflação, mas sem que a Selic retorne ao patamar de 10%.
Os contratos com vencimento em janeiro de 2013 terminaram o dia em 7,92% ao ano, em queda ante os 7,97% da sexta-feira. O número indica que a maioria do mercado já prevê Selic de 8% em dezembro. Atualmente, a taxa está em 9%. Segundo a pesquisa Focus, feita pelo Banco Central com analistas financeiros, a taxa deve cair para 8,5% no fim do mês.
Cinco anos à frente, em janeiro de 2017, os negócios sinalizam juro de 9,41%, em queda em relação à sexta. Para 2021, a taxa prevista para janeiro rompeu o piso dos dois dígitos e terminou o dia em 9,91%, comparado a 10,12% na semana passada.
Obsessão
O economista-chefe do Besi Brasil, Jankiel Santos, diz que a quase obsessão da presidente Dilma Rousseff por juros "em patamares internacionais" leva o mercado a acreditar que, mesmo quando for necessário segurar a inflação, o BC, presidido por Alexandre Tombini, pode deixar o aumento do juro para depois. Para isso, usará as medidas macroprudenciais - ações que influenciam a economia com instrumentos como os depósitos compulsórios e as exigências feitas aos bancos para emprestar -, sem o uso da Selic.
"As medidas macroprudenciais se mostraram relativamente eficientes e podem voltar quando necessário", disse o estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno. Para ele, a adoção de uma composição de política monetária com medidas macroprudenciais poderia controlar a eventual alta da inflação sem exigir que a Selic voltasse para níveis acima de 10%.


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