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Blumenau está mudando

Veículo: Análise em Foco
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Blumenau está mudando. A sociedade está mudando. Daqui a algum tempo,
não teremos mais uma indústria tão forte, com alto índice de
empregabilidade da mão-de-obra. Isto acontece, inclusive, porque as
próprias mães costureiras, operárias, não querem que as filhas sigam o
mesmo caminho. A previsão é de que trabalhos do gênero acabem sendo
feitos em facções de municípios vizinhos, menores, enquanto Blumenau
passará a ser uma espécie de centro de excelência tecnológico,
inclusive no setor têxtil.

Com esta visão do futuro da indústria têxtil no Vale do Itajaí, o
presidente do Sindicato da Indústria Têxtil (Sintex), Ulrich Kuhn,
abriu sua fala no encontro com jornalistas na manhã da última
quinta-feira (29), na primeira edição do evento Pauta Café, promovido
pela Associação de Imprensa do Vale do Itajaí (Assimvi). Kuhn falou
também sobre o processo de desindustrialização que vem assolando a
economia brasileira, que, ante a juros, impostos e câmbio
sobrevalorizados, está sucumbindo à concorrência estrangeira. Sobre o
assunto, o presidente do Sintex disse ainda que a empregabilidade no
chamado “chão de fábrica”, no setor industrial, mudará
independentemente das políticas macroeconômicas adotadas pelo governo.
O processo de mudança, deu a entender, é próprio do avanço da
tecnologia e de novas aspirações sociais do trabalhador.

A leitura de Kuhn para o que poderá ser o futuro de Blumenau daqui a
20 ou 30 anos é importante, sobretudo, para os jovens de agora. As
áreas de tecnologia, segundo ele, são e serão as grandes responsáveis
pela empregabilidade em Blumenau, em poucas décadas. Haverá uma
mudança de valores. É possível que a taxa de emprego caia para funções
operárias, e aqueles que não se prepararem e se qualificarem dentro da
modernidade tecnológica, terão imensa dificuldade de emprego em
Blumenau.

A tendência é que estes empregos, inclusive em facções pequenas, por
exemplo, que servem às grandes empresas têxteis, sejam encontrados
apenas em lugares menores, cidades com tendência rural remanescente,
onde algumas práticas manuais ainda serão consideradas um avanço na
escala social.

– Blumenau será um centro de excelência, um celeiro de cabeças
pensantes – prevê o presidente do Sintex.

FALTA VONTADE POLÍTICA, CONSTATA BAUMGARTEN

Antes dele, o presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib)
havia feito uso da palavra, no encontro com os jornalistas. Ronaldo
Baumgarten Jr. centrou a abertura do evento na pluralidade de
participações da entidade que representa na melhoria da vida dos
blumenauenses. Atual vice-presidente de infraestrutura da Facisc – a
entidade catarinense que representa os empresários, falou sobre as
dificuldades na duplicação da BR 470, o déficit na segurança pública
em Blumenau e elogiou corredores de ônibus e a obra da ponte do
Badenfurt.

Porém, o fato de ter dito que não adianta mais conversar com o Dnit
sobre a BR-470 deixou claro que o presidente da Acib perdeu a
paciência. Esta constatação puxou outra, política: a
representatividade política de Blumenau em Brasília é falha, fraca. A
frente parlamentar catarinense não consegue impor as necessidades do
estado junto à federação. Nem mesmo a presença de Ideli Salvatti (PT),
articuladora da presidenta Dilma, no governo, conseguiu destravar o
marasmo e a falta de vontade política de fazer o projeto da duplicação
andar. Com apartes do próprio presidente do Sintex, exemplos de como
as bancadas do Norte e Nordeste surram os catarinenses de relho, em
termos de competência lobbística, foram citados. Na opinião dos
empresários, o que falta é união em torno de prioridades, deixando de
lado ideologias políticas e siglas partidárias. Agora que o Dnit é
carta fora do baralho para as forças vivas de Blumenau, a pressão
deverá ser feita diretamente em Brasília. E é aí que a coisa pega. Ou
melhor, não pega. Falta comprometimento de quem está lá, ou sobra
partidarismo.

DA GRÁFICA PARA A PREFEITURA?

O evento da Assimvi deixou os convidados bem à vontade. A
informalidade foi a tônica do encontro. Depois da fala inicial dos
dois líderes empresariais, perguntas e comentários foram uma
constante. A ponto de Baumgarten - proprietário e diretor da poderosa
Gráfica Baumgarten - revelar que gostaria muito de participar da vida
político-administrativa da cidade.  Será um plano futuro? Mas
emendou: “eu iria desagradar muita gente, porque faria o que tem que
ser feito para melhorar a cidade, sem olhar interesses de A ou B”.

Surpreendeu pela novidade. Pela primeira vez, assumiu a posição de
‘soldado da cidade’ (que também pode ser interpretada como ‘elegível’,
‘prefeiturável’ ou ‘secretariável’). O objetivo de não transformar o
encontro em uma entrevista coletiva foi alcançado. A intenção era um
café informal que permitisse aos mais de 20 jornalistas presentes, dos
mais importantes veículos de comunicação da cidade, levantar pautas
interessantes para a agenda-setting da cidade.

E, neste quesito, o encontro foi bastante produtivo. O Análise em Foco
esteve presente e é claro que é impossível resumir todos os assuntos
tratados neste espaço. Porém, ficamos alertas para as variáveis que
devem nortear o crescimento do município nos próximos anos e, ao longo
deste processo, estaremos pontuando os problemas e as possíveis
soluções que podem melhorar a qualidade de vida em Blumenau.

Merece parabéns a Assimvi pela iniciativa. O levantamento de pautas é
importante não só para o cotidiano jornalístico, mas para que os
veículos de comunicação possam aprofundar a agenda-setting
contribuindo, através da abertura de espaço e debate sério sobre
vários fatores que compõem o cenário da política-administrativa local,
para a melhoria da qualidade de vida dos blumenauenses. O Pauta Café é
uma ótima oportunidade para que os meios de comunicação cumpram de
forma responsável e mais profunda o seu papel na transformação de uma
sociedade mais justa e feliz.



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