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Associação defende importações do país e ataca Fiesp

Veículo: Folha de S. Paulo
Seção: Mercado
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Para entidade, compras externas modernizam indústria local; bens de consumo foram 18% das importações em 2011

CLAUDIA ROLLI
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

A Abece (Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior), representante de 25 das maiores importadoras e exportadoras do país, criticou estudo da Fiesp (federação das indústrias de SP) que aponta a perda de 915 mil empregos devido às importações em uma década.

O estudo, publicado pela Folha no domingo passado, aponta que, com incentivos fiscais dos Estados, a indústria local deixou de movimentar R$ 80 bilhões em 2011 em decorrência das importações de produtos industrializados.

"É uma visão equivocada. A importação continua concentrada em São Paulo mesmo com os incentivos fiscais concedidos por outros Estados", diz Ivan Ramalho, presidente da Abece e ex-secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento nos governos FHC e Lula.

Dados do ministério compilados pela associação mostram que as importações paulistas em 2011 chegaram a US$ 82 bilhões -ou 36% do total importado pelo Brasil.

A associação destaca ainda que, em São Paulo, a importação de insumos industriais cresceu 41% no ano passado, enquanto a de bens de consumo aumentou 12% no mesmo período.

"A indústria paulista lidera movimento contra a importação em dez Estados, mas ela é a grande importadora. A importação não substitui a produção local, mas sim a complementa", diz Ramalho.

Em 2011, a importação de bens de consumo (roupas, calçados, alimentos, carros) correspondeu a 17,72% do total das compras externas feitas pelo país. Percentual que se manteve praticamente o mesmo em 2010 (17,29%).

Já a importação de máquinas (aparelhos e equipamentos) e de bens intermediários (insumos usados pela indústria na produção) chegou a 66,3% do total.

"Se o Brasil estivesse importando 50% de bens de consumo, seria preocupante. Mas estamos distantes disso", afirma Ramalho.

A Abece ressalta que a importação é necessária para aumentar a competitividade da indústria local, agregar tecnologia ao que se fabrica no país e permitir a compra de insumos mais baratos.

A entidade diz que em 2011 não houve retração no emprego que pudesse ser atribuída ao aumento das importações.

CÂMBIO

A decisão de importar está relacionada principalmente ao atual valor do dólar e não aos incentivos dados pelos Estados, diz estudo da consultoria Rosenberg Associados, pedido pela Abece.

"A importação está relacionada ao câmbio. O dólar no Brasil está muito baixo e torna a importação muito atrativa", afirma.

Por essa razão, a discussão que deve ser feita, segundo avalia, é colocar em prática o que está previsto na política industrial apresentada pelo governo: financiamentos com juros menores, redução da carga tributária, aprimoramento da logística.

A consultoria Rosenberg também mostra que incentivos fiscais dados a oito Estados -PR, SC, GO, MS, PE, AL, SE e TO- tiveram efeitos positivos sobre emprego, produção e renda.



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