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Fipe ratifica inflação mais branda no trimestre

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil
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SÃO PAULO - A deflação de 0,07% em fevereiro no Índice de Preços ao Consumidor da cidade de São Paulo (IPC-Fipe), após alta de 0,66% em janeiro, reforçou perspectivas de inflação menor no primeiro trimestre do ano, cenário que também será observado no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Segundo analistas, a queda nos preços de alimentos no domicílio, combustíveis e vestuário na capital paulista também será captada pelo IPCA de fevereiro, ajudando a inflação no mês em que o indicador oficial é afetado pelos reajustes de mensalidades escolares.

Apesar do comportamento mais favorável da inflação em relação ao esperado, os analistas não estão puxando para baixo as previsões para a inflação do ano, que se mantém entre 5,2% e 5,5%, na maioria das projeções. Os economistas estimam que a inflação do setor de serviços voltará a pressionar a economia brasileira com mais força no segundo semestre.

  

Apenas duas das sete classes de despesa pesquisadas pela Fipe subiram mais na passagem de janeiro para fevereiro: habitação, que subiu de 0,31% para 0,40%; e saúde, de 0,40% para 0,50%. As demais recuaram, com destaque para a deflação de 0,98% em alimentos, após alta de 0,50% em janeiro. Os grupos vestuário e transporte também tiveram queda em fevereiro, de 0,44% e 0,16%, respectivamente.

Sem nenhum choque de commodities à vista e com a nova ponderação - que reduziu o peso de itens importantes, como serviços e educação - a inflação acumulada no primeiro trimestre medida pelo IPCA, de acordo com as projeções, deve ficar entre 1,40% e 1,5%, praticamente um ponto percentual abaixo da registrada em igual período do ano passado, de 2,44%.

A queda no IPC-Fipe de fevereiro veio um pouco mais forte do que o esperado por Thiago Curado, da Tendências Consultoria, que prevê alta de 0,43% para o IPCA do mesmo mês. Em janeiro, o IPCA avançou 0,56%. "Existem chances de que a inflação seja ainda mais baixa por conta da alimentação", diz, destacando a forte deflação apurada em São Paulo. Segundo ele, o movimento foi influenciado pela volta dos preços ao patamar normal depois das altas no fim de 2011, mas também pela demanda externa mais fraca, que impede altas expressivas de commodities.

Para março, a expectativa da Tendências é de alta de 0,15% no IPC-Fipe. Caso essa projeção seja concretizada, o indicador irá encerrar o trimestre com elevação acumulada de 0,74%, a menor taxa para o período desde 2006. "A ausência de pressões vindas de alimentação - que deve seguir em queda - e combustíveis configura um cenário de baixos riscos inflacionários no curto prazo", escreve Curado, em relatório a clientes.

O IPC-Fipe também ficou abaixo do previsto por Daniel Lima, economista da Rosenberg & Associados, principalmente porque a deflação de alimentos se acentuou na passagem da terceira quadrissemana para o fechamento do mês. "Estávamos esperando queda menor do que na leitura anterior, que foi de 0,67%. Mas por causa das carnes, principalmente, o movimento ficou mais intenso", disse.

Lima também vê forte descompressão do grupo no IPCA de fevereiro, passando de alta de 0,86% em janeiro para queda de 0,01%. Mesmo assim, preferiu manter a projeção de alta de 0,48% do índice no mês, pois outros grupos, como despesas pessoais e educação, ainda devem pressionar o IPCA.

O comportamento mais ameno da inflação neste início de ano, diz Lima, deve facilitar o ciclo de redução da Selic. No segundo semestre, no entanto, o afrouxamento monetário terá mais impacto sobre a demanda e, por isso, ele projeta inflação de 6% no ano, acima de média do mercado, que trabalha com previsão de 5,2%, segundo o boletim Focus divulgado ontem.

Se os alimentos estão ajudando a inflação neste primeiro trimestre, comportamento que pode ser considerado atípico, no meio do ano devem voltar a pressionar, diz Thiago Carlos, da Link Investimentos. Carlos explica que, como a alta de preços observada após a seca no Sul do país foi corrigida rapidamente, com deflação tanto no atacado como no varejo, o espaço para a volta sazonal que ocorre em maio e junho fica limitado. Assim, mesmo com a alta esperada de 1,4% para o IPCA no primeiro trimestre, o economista mantém sua projeção para o ano em 5,5%.

"Essa desaceleração no curto prazo é bastante pontual, provocada por um esfriamento da demanda externa e valorização do real", acrescenta Curado, da Tendências. Para 2013, o analista projeta que o IPCA encerre o ano em 6%, frente aos 5,5% esperados para 2012. Segundo ele, esta também é a avaliação dos economistas consultados pelo Focus, que revisaram de 5,11% para 5,2% as estimativas para o IPCA do próximo ano, enquanto a inflação de 2012 ficou em 5,24%.

(Arícia Martins e Tainara Machado | Valor )



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