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Indústria de transformação tem pior desempenho desde a crise

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil
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RIO - A indústria da transformação teve no quarto trimestre a maior queda desde a crise financeira. O setor registrou retração de 2,5% em relação ao trimestre anterior, quando já havia tido queda de 1,6%. No início do ano, o setor ainda estava no terreno positivo, tendo fechado o segundo trimestre em 0,5% e o primeiro em 0,6%, sempre na comparação com os três meses imediatamente anteriores na série com ajuste sazonal.

Trata-se do setor de maior peso sobre as contas nacionais medidas pelo produto interno bruto (14,6%), depois apenas da administração pública (16,3%), de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda no quarto trimestre foi a maior desde os primeiros três meses de 2009, quando havia tido queda bem mais acentuada, de 7,9%.

Já quando se compara a indústria da transformação com o mesmo trimestre do ano anterior, a queda de 3,1% foi o pior resultado também desde a crise. No terceiro trimestre de 2009, a queda havia sido de 9,7%. E a retração dos últimos três meses não foi a única registrada no ano. No terceiro trimestre, houve queda de 0,6% em relação ao mesmo período de 2010.

De acordo com o coordenador de Contas Nacionais, Roberto Olinto, a indústria de transformação é o “núcleo central da economia”. Segundo ele, sistematicamente, o que se vê em todas as taxas é a indústria de transformação com o pior desempenho do trimestre.

“O que temos observado na indústria de transformação, com a turbulência do mercado externo, decisões e incertezas sobre o consumo, é que ela sofre, mas não de forma total, porque alguns setores cresceram”, disse.

O coordenador explicou que atividades relacionadas ao setor externo tiveram mais impacto, devido à crise internacional, enquanto atividades mais voltadas para o mercado interno tiveram menos impacto.

Segundo dados do IBGE, os destaques negativos do setor foram vestuário e acessórios, artigos de plástico, metalurgia, máquinas, aparelhos e material elétrico e automóveis.

Ainda assim, a indústria de transformação teve também destaques positivos, como máquinas e equipamentos; produtos de metal; gasolina e óleo diesel; e caminhões e ônibus.

Segundo Olinto, é possível ficar preocupado ao olhar-se para o setor no trimestre, mas, no ano, ele ainda cresceu — por mais que a alta de 0,1% normalmente seja considerada pelo IBGE como estabilidade. O coordenador explicou que a desaceleração é muito sentida na parte da indústria voltada para exportações.  Já as áreas direcionadas para o consumo e os investimentos têm menor impacto.

"A indústria de transformação tem um papel central. Ela é que atende à demanda, de consumo e investimento, e ela é estimulada por isso. Por isso, ela reflete mais claramente [o PIB]", disse.

(Juliana Ennes e Diogo Martins | Valor)



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