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Nível de estoque industrial cai forte, mas confiança do setor aumenta pouco

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil
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Apesar da leve evolução mostrada pelo Índice de Confiança da Indústria (ICI) em fevereiro, a recuperação do setor ainda não ganhou força. A fase mais fraca para a produção ficou para trás, entre outubro e novembro, mas o ritmo da retomada é lento e foi agravado pela deterioração da demanda geral, que sofreu forte baque do cenário internacional, avalia Aloisio Campelo, coordenador da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV). Por isso, o ajuste de estoques em curso desde novembro não trouxe grande alívio, apesar dos inventários estarem no menor nível desde junho do ano passado.

O ICI teve alta de 0,2% em fevereiro na comparação com janeiro, feito o ajuste sazonal, de acordo com a sondagem divulgada ontem pela FGV. O ritmo, no entanto, foi menor do que o observado no mês anterior, na mesma base de comparação, quando o indicador havia subido 0,5%.

  

Ainda assim, em fevereiro o nível de estoques teve nova melhora, de 0,8%, sempre na comparação com o mês anterior e com ajuste sazonal. A proporção de empresas que declararam estoques excessivos caiu de 6,3% para 5,7% entre janeiro e fevereiro e, ressalta Campelo, apenas três setores, representativos de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial, encontram-se agora superestocados. Em dezembro oito segmentos, equivalentes a 41% do PIB industrial, estavam nessa situação.

Campelo atribui a alta de 1,4% observada na Situação Atual dos Negócios pelas empresas consultadas ao processo contínuo de ajuste de inventários. "No mês passado, tivemos novamente ajuste de estoques e a avaliação da situação dos negócios melhorou, mas a percepção de demanda, principalmente externa, prejudicou o resultado", afirmou o coordenador da sondagem.

Em fevereiro, o indicador de demanda global recuou 0,4%, sempre na comparação com o mês anterior, feitos os ajustes sazonais. Pelo terceiro mês consecutivo, a percepção para o nível de demanda externa caiu e está agora quase 5 pontos abaixo da média histórica, o que reflete a deterioração do cenário internacional, segundo Campelo.

Por causa dessa dinâmica, a produção prevista caiu 2,5% e puxou para baixo o Índice de Expectativas (IE), que interrompeu sequência de quatro meses de alta e recuou 0,4% em fevereiro, sempre na comparação com o mês anterior. A queda, no entanto, foi concentrada em cinco setores - químico (-6,3%), produtos de matérias plásticas (-3,5%), material elétrico e de comunicações (-2,8%) mecânico (-0,7%) e vestuário e calçados (-0,6%) - bastante afetados pela competição com importados e a valorização do real.

Já o segmento de bens de capital teve desempenho surpreendente, disse o coordenador. O ICI para o setor saltou 6,4%, principal contribuição positiva para que a confiança da indústria se mantivesse em terreno positivo no mês passado.

Para Campelo, o resultado divulgado ontem, apesar de pouco animador, não ameaça a perspectiva de desempenho positivo para a indústria no começo deste ano. Como a confiança em relação ao presente, expressa pelo Índice de Situação Atual, continuou a evoluir, com alta de 0,6% no período, houve reforço da projeção de que a produção industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) terá crescimento de 1% neste trimestre, ante os últimos três meses de 2011. "Mas, na ponta, a indústria está perdendo fôlego e o segundo trimestre pode ser pior que o primeiro", disse.

A lenta recuperação deve levar o setor industrial a só igualar o nível de atividade observado em março de 2011, pico para o ano passado, no fim do primeiro semestre de 2012, afirmou Campelo. Para ele, a produção neste ano deve aumentar entre 1,5% e 2%, pois o crescimento será limitado por uma baixa herança estatística, negativa em 0,9%.



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