Notícias

'BC deve reduzir o juro em 0,50 ponto em março'

Veículo: O Estado de S. Paulo
Seção: Economia
Página:

O ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola avalia que o comunicado divulgado após a reunião de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) indica que o juro básico será reduzido novamente em 0,50 ponto em março.

O corte de 0,50 ponto era esperado, mas havia expectativa sobre o comunicado divulgado pós-reunião. O texto dá pistas sobre os próximos passos do BC?

O Banco Central não deu nenhuma pista no comunicado. Isso deve ocorrer na ata, que sai na semana que vem. Talvez fique mais claro se o ciclo de corte dos juros será mais longo, levando a taxa Selic para 9% ou 9,5%, ou se vai parar nos 10%.

A decisão de repetir o comunicado da reunião anterior é fruto de uma decisão do BC para confundir o mercado sobre o futuro ou se explica pela instabilidade do quadro externo, que realmente dificulta a definição do juro?

A repetição do texto é uma opção do BC para mostrar que o cenário traçado antes não se modificou. Ou seja, indica que o processo de queda do juro em 0,50 ponto deverá ser mantido na próxima reunião, em março. O que o BC pode, na ata, é justamente deixar mais claro o cenário a partir daí.

A decisão muda as perspectivas do sr. para o juro?

Não. Mantenho a expectativa de que o BC interromperá o ciclo de quedas quando a Selic alcançar 9,50%. Ou seja, acredito em mais duas reduções de 0,50 ponto porcentual.

O que pesa mais hoje nas decisões do BC: a situação externa atribulada ou o cenário interno para a inflação?

O cenário externo é o que pode reservar mais surpresas. Nas últimas semanas, temos visto uma melhora relativa da situação. É claro que, em uma crise tão grave, não dá para imaginar soluções de curto prazo. Mas a melhora pode diminuir o pessimismo do BC em relação à atividade econômica e provocar uma interrupção da queda dos juros antes do que o esperado. Também existe a possibilidade de o cenário externo piorar, com um efeito exatamente contrário. O cenário de inflação é obviamente importante, mas mais previsível no curto prazo.

Por que o sr. acredita que a Selic cairá até 9,5%?

Basicamente, pelas sinalizações do BC. Desde agosto, a autoridade vem operando com um cenário mais pessimista em relação ao exterior. Por isso, vem estimulando a economia por meio de uma política monetária mais expansionista. O BC reconhece que essa trajetória não levará a inflação a convergir para o centro da meta (4,5%) em 2012.

Para o sr., o que é mais adequado: abrir mão do centro da meta de 4,5% ou estimular a expansão da economia na crise?

O Banco Central deveria ser um pouco mais conservador no processo de queda do juro. Isso coloca em risco a meta deste ano e eleva o risco de a economia brasileira chegar ao segundo semestre muito aquecida. Esse aquecimento, por sua vez, pode pressionar a inflação no fim do ano e obrigar o BC a voltar a elevar o juro.

O sr. projeta alta do juro entre o fim de 2012 e o início de 2013?

Não. Essa necessidade pode ficar mais clara à medida que a economia brasileira se recuperar. Na nossa visão, o pior momento para o crescimento foi no terceiro trimestre de 2011.



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar