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Veículo: Folha de São Paulo
Seção: Poder
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Estagnado desde o final de 2010, o mercado de trabalho industrial piorou e as empresas passaram a demitir em setembro e outubro.

Entre as causas estão os estoques elevados de alguns setores, o efeito tardio da alta dos juros em vigor até agosto, a menor confiança de empresários e o problema já crônico do câmbio -desfavorável a exportações.

Em outubro, o emprego na indústria caiu 0,4% na comparação com setembro, quando havia recuado também 0,4%, segundo o IBGE.

André Macedo, economista do instituto, diz que as quedas seguidas mostram que a ocupação no setor passou de um "quadro de estabilidade" a um cenário de demissões.

Segundo Macedo, a piora se confirma com dois outros indicadores: a segunda redução consecutiva mensal no número de horas pagas aos trabalhadores e a primeira queda em 20 meses do emprego na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em relação a outubro de 2010, houve recuo de 0,3%.

A queda das horas pagas preocupa especialistas pois sinaliza dispensas no futuro. Isso porque aponta que não há a necessidade de contratar horas extras, o que indica ociosidade na produção.

Segundo Thaís Marzola Zara, da Rosenberg & Associados, os dados apontam para a "estagnação do emprego na indústria em 2012".

Para Macedo, o mercado de trabalho reflete a perda de ritmo da produção industrial, que caiu pelo terceiro mês consecutivo em outubro. A freada mais forte no emprego ocorreu em São Paulo, maior parque industrial.

O emprego recuou 3,5% em relação a setembro de 2010 no Estado, com perdas em 15 dos 18 setores pesquisados: "São Paulo é o motor da indústria e sente mais em épocas de crise", diz Macedo.

Para Zara, a principal razão para a retração do emprego no país e em São Paulo é a menor competitividade de setores que sofrem tanto com a dificuldade em exportar como com a invasão de produtos importados -têxtil, calçados, vestuário, madeira, borracha e plástico e papel.