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Produção recua no fim de ano, apesar de medidas de estímulo

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil
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As medidas de estímulo à economia anunciadas pelo governo não foram suficientes para impedir a desaceleração da atividade em vários setores neste fim de ano. Indústrias químicas, montadoras de veículos, fabricantes de embalagens e segmento gráfico, por exemplo, decidiram reduzir a produção e já começam a refazer as projeções para 2012.

Os fabricantes de artigos da linha branca (geladeiras, fogões, máquinas de lavar) são uma exceção importante nesse cenário. Eles esperam aumento na demanda a partir do primeiro trimestre de 2012, em virtude da decisão do governo de reduzir alíquotas do IPI. "Como as redes varejistas estão estocadas para o Natal, a expectativa é que o impacto das medidas nas vendas seja verificado a partir de janeiro", informa a Whirlpool, dona das marcas Cônsul e Brastemp.

Com base nessa avaliação, a empresa já anunciou a contratação de 700 pessoas para a fábrica de Joinville, em Santa Catarina, e estuda ampliar as vagas na unidade de Rio Claro, no interior de São Paulo. No primeiro trimestre de 2012, a Whirlpool prevê crescimento entre 10% e 15% em volume, comparado ao mesmo período deste ano.

O otimismo do setor, entretanto, não é acompanhado pelos demais segmentos. A indústria química deve fechar o quarto trimestre em ritmo de desaceleração. "Estamos perdendo a competitividade por diversos fatores. O primeiro deles é o câmbio. O setor também está sendo atingido pelos importados. Além disso, os subsídios de outros países estão afetando as nossas empresas", afirmou Fernando Figueiredo, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

Segundo a entidade, o mês de outubro foi de desaceleração. A produção caiu 0,16% no mês, em relação a setembro, e as vendas internas tiveram recuo de 7,91% sobre o mesmo período. "A queda de outubro nos surpreendeu", afirmou Figueiredo. A expectativa do setor era crescer 10% em 2011, mas a expansão deverá ser de 7%.

As montadoras de veículos, preocupadas com o avanço dos estoques, chegaram ao fim do ano com o pé no freio. De outubro a novembro, a produção recuou 9,3% na comparação com igual período de 2010, totalizando 540,1 mil unidades. As vendas no mercado interno caíram 11,4%, na mesma base de comparação.

O setor começou a diminuir mais intensamente a atividade em setembro, após produzir mais de 300 mil veículos em julho e agosto. Boa parte das montadoras decidiu dar férias ou folgas, além de suspender horas extras, para normalizar o estoque.

Neste mês, as tradicionais férias e folgas de fim de ano indicam que a produção não terá grande reação e as projeções de vendas e atividade mostram que o setor seguirá reduzindo o nível de carros parados nos pátios.

O setor têxtil teve um ano de retração e perdas, em função da alta do preço do algodão, que pressionou os resultados na primeira metade do ano, mas já vê uma luz no fim do túnel. A fabricante de itens de cama, mesa e banho Teka, de Blumenau, pensa em suspender as férias coletivas programadas para o período entre o Natal e o Réveillon, por causa da retomada dos pedidos no último mês.

"O quarto trimestre será melhor do que o terceiro, mas aquém de 2010", disse Marcello Stewers, vice-presidente da empresa. De acordo com ele, o volume faturado deverá empatar com o do ano passado, embora nos últimos meses o volume de pedidos tenha crescido em comparação com o ano passado. "O ano de 2011 foi um dos piores para o setor nos últimos tempos, mas o quarto trimestre está apresentando alguma recuperação."

Para a indústria gráfica, o sinal ainda é vermelho e o ritmo de encomendas continua em desaceleração, mantendo a tendência do terceiro trimestre. De acordo com Fabio Arruda Mortara, presidente da Abigraf, que representa as empresas do setor, ainda não há dados fechados relativos a outubro, "mas o sentimento entre os empresários é de que se mantém a queda no nível de produção".

A entidade alterou a estimativa de crescimento de vendas para este ano. Prevê expansão de cerca de 1% - antes projetava alta de até 2%. "Ainda é um resultado positivo, uma vez que a base de comparação é muito forte", avalia Mortara.

Depois de um ano de fortes vendas, o setor de embalagens deve encerrar 2011 em desaceleração. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Maurício Groke, o ano foi atípico, refletindo a contaminação pela crise internacional e a alta competição dos produtos importados. "Todos os segmentos em embalagens deram uma freada. Alguns investimentos no setor não tiveram o retorno esperado."

A indústria de materiais de construção também rebaixou a expectativa de crescimento real de faturamento para este ano. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, a alta será da ordem de 3% a 3,5%, abaixo dos 4% projetados anteriormente. "Não acho que nada que ocorra em dezembro possa mexer nesses números", disse Cover.


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