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Taxa Selic sofrerá influência maior do dólar durante 2012

Veículo: DCI
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O agito no mercado financeiro em torno da redução da Taxa Básica de Juros (Selic) diminuiu após declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, indicando que os ajustes serão moderados.

Durante evento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Tombini reafirmou que a deterioração do cenário internacional incentiva a política do Comitê de Política Monetária em manter a moderação. Com a declaração, economistas entendem que a redução será apenas de 0,50 ponto percentual.

A hipótese de aceleração dos cortes pode, então, ser repassada para as próximas reuniões, a serem realizadas apenas em 2012.

No mercado financeiro, os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em dissonância. Porém, os que possuem prazo de vencimento mais curto sofreram correção, indicando o alinhamento dos investidores com o Banco Central.

Os prêmios pagos pelos contratos com data de exercício em janeiro de 2012 subiram 0,06 pontos percentuais, fechando o dia rendendo 10,92% ao ano. Já os com vencimento para janeiro de 2013 estavam estáveis a 9,77%.

André Mallet, da Um Investimentos, entende que o Brasil ainda está muito vulnerável ao cenário internacional, o que causa a volatilidade dos títulos. "O mercado entende que a situação estrangeira afetará ainda mais os emergentes", afirma o analista.

Bruno Lembi, da M2 Investimentos, aponta para uma indefinição no mercado de juros futuros, justamente pela posição adotada por Tombini em contraposição à deterioração acelerada da zona do euro. "De fato, a inflação ainda está alta, haverá aumento do salário mínimo em 2012, além de ser um ano eleitoral, quando os gastos públicos devem subir. O mercado tentou precificar um corte mais forte nos juros, mas o Banco Central continuará com o gradualismo", explica Lembi.

Dólar

Um dos fatores indicados pelos economistas para a manutenção dos cortes de meio em meio ponto percentual é a pressão que a cotação do dólar pode exercer sobre a inflação.

Somente na última semana, a moeda norte-americana valorizou-se ante o real em mais de 4%. Ao contrário da disparada apresentada em setembro, o Banco Central não se posiciona contrário à alta da divisa, e sim em compasso de espera referente ao seu desdobramento sobre os indicadores de preços. Na sexta-feira, a moeda ianque ficou em R$ 1,886.

"Nesse momento de desvalorização, a balança comercial se beneficia muito, mas a economia ainda é muito indexada ao dólar", comenta Mallet. "Pode haver interesse em manter alta a cotação da moeda, mas, provavelmente o BC venha a atuar no mercado em breve", sinaliza.

O patamar alcançado pela divisa americana no início do mês de outubro, R$ 1,93, pode não ser mais o limite que o Banco Central aceitará para a cotação do dólar. Visando o incremento das exportações nacionais no começo de 2012, economistas acham possível que a instituição atue mais tardiamente para evitar a disparada da moeda. "O Banco Central está monitorando isso para favorecer as exportações. Ele tentará contornar a inflação via crédito, dando espaço para a continuação da redução de meio ponto na Selic", comenta Mallet.

Segundo o analista da Um Investimentos, comentários no mercado financeiro sobre a Selic chegar a um dígito durante o ano de 2012 ganhou força durante as últimas semanas. Bruno Lembi, da M2, entende que existe uma torcida para que esta situação se consolide. "Tecnicamente, este é um cenário muito difícil de ser defendido", alerta Lembi.

João Medeiros, diretor da Pioneer Corretora, o Banco Central conta com a posição varejista para o final do ano, na qual, as compras em dólar já estão fechadas.

"A aposta do BC foi correta. Enquanto que a inflação está convergindo para dentro da meta, ainda não se sabe se a taxa de câmbio de manterá. Porém, o Natal já está garantido", afirma.

Porém, segundo Medeiros, caso a cotação se mantenha acima de R$ 1,90 até o final do ano, as próximas compras sofrerão reajustes, estes, repassados ao consumidor. "Caso o cenário internacional piore, pode-se cristalizar a taxa de câmbio mais alta".

Dívida Pública

A dívida líquida do setor público teve uma alta de 1 ponto percentual em outubro, correspondendo a 38,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o Banco Central (BC), a dívida líquida do setor público totalizou R$ 1,534 trilhão. O BC avalia que em novembro, a relação dívida/PIB deve cair para 36,8%.

O setor público consolidado registrou em outubro um superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) de R$ 13,959 bilhões. O resultado teve contribuição do Governo Central de R$ 11,404 bilhões, enquanto que os governos regionais registraram superávit de R$ 2,229 bilhões e as empresas estatais R$ 326 milhões.

No acumulado do ano, o resultado primário do setor público é positivo em R$ 118,596 bilhões.


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