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FMI agiliza crédito para países da zona do euro

Veículo: O Globo
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WASHINGTON e RIO. O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou ontem medidas desenhadas para “aumentar a flexibilidade e o alcance” de seus programas emergenciais de ajuda a países que enfrentam problemas de liquidez. As mudanças ocorrem num momento em que o Fundo tenta ocupar um papel maior na busca de solução para a crise da dívida soberana das nações da zona do euro. Investidores com aversão a risco estão evitando uma exposição aos bônus soberanos europeus, o que, por sua vez, eleva o custo de financiamento desses papéis nos mercados. Inúmeros países, inclusive Itália, Espanha e Hungria, estão tendo dificuldade para refinanciar suas dívidas, contribuindo para o pânico geral.

O FMI anunciou que aprovou mudanças criadas especialmente para auxiliar nações com “fundamentos e políticas relativamente fortes” que estão sendo afetadas pela crise da dívida na zona do euro. O Fundo disse que poderá oferecer assistência “num espectro mais amplo de circunstâncias” do que era permitido anteriormente. O objetivo, diz o FMI, é “quebrar a corrente do contágio”.

“Foi pedido ao Fundo que ampliasse sua caixa de ferramentas para ajudar os sócios a lidar com a crise”, afirmou em um comunicado Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI. “A reforma amplia a capacidade do Fundo de prover financiamento para resolver e prevenir crises. Este é outro passo rumo à criação de uma rede efetiva de segurança financeira global para lidar com a crescente interconexão global.”

O FMI está substituindo um instrumento chamado “linha de crédito precatório” por outro mais flexível, batizado “linha precautória e de liquidez”. Com ela, a instituição oferecerá crédito a países com relativa boa saúde financeira, mas que enfrentam problemas de liquidez. O Fundo também vai prover linhas de crédito a curto prazo, com duração mínima de seis meses.

Para alguns analistas, regras ainda são insuficientes

Para alguns analistas, o volume disponível é insuficiente:

— O tamanho é muito pequeno para ser significativo para Itália ou Espanha — afirma Edwin Truman, ex-secretário do Tesouro dos EUA.

O anúncio do FMI trouxe alívio ontem aos mercados financeiros, abalados pelo crescimento mais moderado dos EUA no terceiro trimestre e a taxa recorde paga pela Espanha para financiar sua dívida. Em Wall Street, o Dow Jones caiu 0,46%, após recuar quase 1%. Nasdaq recuou 0,07%. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perdeu 0,72%, aos 55.878 pontos.

As medidas anunciadas levaram ainda à valorização do euro frente ao dólar. Aqui, o dólar comercial perdeu 0,33%, cotado a R$1,807. Na Europa, o anúncio do FMI pegou as bolsas fechadas, após a a quarta queda seguida: Londres (0,30%), Paris (0,84%), Frankfurt (1,22%), Madri (1,45%) e Milão (1,54%).

— Há um problema de engenharia financeira na Europa e político nos EUA. E ambos podem afetar a economia — diz Frederico Mesnik, sócio-gestor da Humaitá Investimentos.



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