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Interesse comercial entre EUA e Brasil se inverte após crise

Veículo: DCI
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O baixo crescimento americano e o surgimento de novos mercados pujantes mudaram a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos. Após a abertura comercial no início da década de 1990, a ânsia por explorar o mercado ianque ditou os rumos do comercio exterior nacional. No entanto, após os desdobramentos recentes da crise financeira que aflige as economias mais desenvolvidas, consolida-se a inversão dos papéis no novo mundo.

De acordo com Célia Feldpausch, vice-presidente do Brazil Industries Coalition (BIC - Coalizão das Indústrias do Brasil), os empresários de ambos os países voltaram seus esforços para conquistar os emergentes. "O estreitamento de relações com esses países é uma tendência ".

Para a especialista, neste sentido, os americanos veem atualmente o Brasil como um supermercado, cujo sentimento que não é recíproco. "O interesse no Brasil cresceu espetacularmente", afirma Feldpausch.

A vice-presidente do BIC entende que esta ânsia se respalda no acréscimo de US$ 15 milhões fornecidos à Administração Internacional de Comércio (ITA, na sigla em inglês) para fomentar as exportações para países emergentes. O departamento é um dos únicos a receber aporte irrestrito por parte do Comitê de Apropriações, órgão que define o orçamento americano.

"Os fundos adicionais suportarão a alta prioridade das Iniciativas de Exportação Nacional, a fim de incrementar as exportações ", diz Hal Rogers, presidente do Comitê. O Departamento de Comércio, pasta a qual compreende o ITA, receberá apenas US$ 26 milhões acima do destinado em 2010. O orçamento do departamento será de US$ 7,6 bilhões.

Distanciamento político

Diogo Costa, professor de Relações Internacionais do Ibmec de Belo Horizonte, explica que as relações entre os dois países se deterioraram após o Itamaraty encontrar no Poder Executivo um parceiro para restringir o avanço americano sobre o comércio brasileiro. "Nos últimos 10 anos, houve uma mudança econômica, deixando o Brasil mais protecionista", comenta. Costa argumenta que os processos movidos contra os Estados Unidos na Organização Mundial de Comércio são indicativos desta política. "Os processos atrapalharam muito essa relação, que poderiam estar melhores", afirma.

Há seis anos, cerca de 19% das exportações brasileiras tinham como destino o parceiro norte-americano. Em 2011, a participação ianque nas vendas de produtores nacionais caiu para 9,5%.

No período, o saldo comercial se inverteu, passando de superávit brasileiro de US$ 9,9 bilhões, em 2005, para déficit de US$ 7,7 bilhões, em 2010. "O fator mais relevante foi o crescimento da China. Os Estados Unidos não figuram mais como a prioridade", explica Diogo Costa. No ínterim, as exportações tupiniquins para o gigante asiático saltaram de US$ 8,4 bilhões para US$ 30 bilhões.

No entendimento de que o Brasil não é mais um subdesenvolvido, e sim uma potência, o congresso americano pretende não dar continuidade no Sistema Geral de Preferências, o qual contemplava incentivos para importação de cerca de 3 mil produtos brasileiros. De acordo com dados da Câmara Americana de Comércio, 10% das exportações destinadas aos Estados Unidos são creditadas ao programa.

Em 2011, ensaiou-se uma reaproximação entre os presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff. Das visitas realizadas, pouco pode ser assinalado como avanços na área comercial, no entanto, algumas iniciativas de cooperação surgiram após as reuniões.

Durante a próxima semana, acontecerá a primeira reunião do Trade & Economic Cooperative Agreement (Teca - Acordo de Cooperação Econômica e Comercial), promovido em parceria por Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Itamaraty e United Stades Trade Representative (USTR - Representante Comercial dos Estados Unidos). "Isso criará um espaço para discutir relações tangíveis, como relações aduaneiras e cooperação tecnológica em algumas áreas", explica Feldpausch.

Antidumping

A Câmara de Comércio Exterior aprovou a aplicação de direito antidumping definitivo em importações de diisocianato de tolueno, utilizado na fabricação de poliuretanos. O direito será aplicado sobre produtos provenientes dos Estados Unidos e da Argentina, por cinco anos. As investigações têm como objetivo evitar que os produtores nacionais sejam prejudicados pela importação de produtos com preços abaixo de seu valor de marcado.


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