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Custo inflacionário é argumento de importadores contra barreiras

Veículo: Valor Econômico
Seção: Casa das caldeiras
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Os sinais do governo em favor do aumento de barreiras contra produtos importados provocam uma contra-ofensiva dos grandes importadores, preocupados com o risco de menor concorrência dos produtos estrangeiros no próximo ano e seus possíveis efeitos sobre preços.

O apelo aos interesses do consumidor é um dos principais argumentos das associações empresariais que reúnem empresas beneficiadas pela venda no mercado interno de produtos comprados lá fora. Mesmo sem novas barreiras à importação, o setor de vestuários, por exemplo, vai contribuir com as pressões inflacionárias, devido aos preços mais altos nesse inverno, avisa a ABVTEX, associação dos varejistas do setor têxtil.

O fato é que, com barreiras ou sem elas, pode-se esperar pressão do setor sobre os índices de preço no começo do ano (um ano que inicia com aumento de 14% no salário mínimo, é bom lembrar). Na consulta pública para a nova regulamentação de defesa comercial, encerrada na semana passada pelo Ministério do Desenvolvimento, outra associação, a Abece – que reúne as maiores “trading companies” do país (companhias especializadas em comércio exterior) –, apresentou proposta para incluir consultas a representantes de consumidores e usuários de produtos importados nos processos contra dumping (venda no país de produtos importados abaixo de seu preço normal).

Pelos efeitos no custo de vida e no mercado consumidor, o governo tem de abrir mais espaço para os argumentos dos beneficiados pelas importações, argumenta o presidente da Abece, Ivan Ramalho – que, até o ano passado, era secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento. A ABVTEX endossa essa linha de ação e tem argumentado em contatos com o governo que a criação de novas barreiras à importação de têxteis pode pegar em cheio as compras de produtos de inverno destinados principalmente às novas massas de consumidores de produtos de preços mais baixos.

Os varejistas encaminharam ao Ministério do Desenvolvimento um estudo do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) para mostrar que, apesar da redução da produção dos fabricantes nacionais, o faturamento dos fabricantes de têxteis no país vem crescendo e deve chegar a R$ 87,4 bilhões neste ano. Esse volume representa um aumento de quase 70% em relação ao registrado cinco anos atrás, apesar do declínio no ritmo neste ano, para o qual a associação do setor prevê um aumento de apenas 5,6% no faturamento, abaixo da inflação prevista para 2011. 

Para a ABVTEX, a importação de produtos asiáticos, hoje responsável por 9,7% do mercado, não pode ser responsabilizada pela queda na produção doméstica, que ainda atende a mais de 90% do consumo nacional (a indústria brasileira têxtil e de vestuário ocupa apenas cerca de 74% de sua capacidade instalada).

A movimentação dos importadores em Brasília é acompanhada de perto, e gera forte reação por parte dos produtores nacionais. O diretor-superintendente  da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, Fernando Pimentel, rejeita as estimativas  da ABVTEX e do IEMI, lembrando que, entre janeiro e setembro, houve queda na produção, de 16,63% no segmento têxtil e de 2,36% no de vestuário, em comparação com o mesmo período do ano passado. Se comparados setembro deste ano e setembro de 2010, a queda é de 16,68% para vestuário e de 11,85% para o têxtil.



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