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Brasil prepara pacote anticrise, um reflexo da instabilidade externa

Veículo: Correio Braziliense Online
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A certeza de que o Brasil não será poupado da crise internacional levou o titular da Fazenda, Guido Mantega, a admitir adoção de medidas para fortalecer a economia em 2012. O ministro não quis detalhar os planos do governo para encarar as turbulências que vêm de fora, mas estudos sobre possíveis ações, sobretudo aquelas com objetivo de estimular o mercado interno, a exemplo do que foi feito após a crise de 2008, são uma prioridade na Esplanada dos Ministérios. Cogita-se, nos bastidores, que o próximo passo seja a retirada das chamadas medidas “macroprudenciais” adotadas pela equipe econômica antes do agravamento da crise, como o encarecimento dos financiamentos de longo prazo.

“É preciso que nós estejamos sempre tomando medidas para o fortalecimento da economia brasileira, sobretudo que mantenhamos uma situação fiscal sólida, porque os países que estão sofrendo têm situação fiscal frágil”, afirmou Mantega. Mas ele procurou amenizar expectativas do mercado com um possível afrouxamento das medidas de restrição ao crédito. Alegou que, depois de a economia ter desacelerado, ela voltará a crescer nos próximos meses.

Desaceleração

Embora não tenha deixado claro quais serão os próximos passos para o enfrentamento da crise, o governo aumentou ontem repasses a estados — o desembolso chegou a R$ 37 bilhões —, elevando, assim, o volume recursos para investimentos disponíveis na economia. Também sancionou a Lei do Supersimples, que reduz a tributação para pequenas empresas e estimula o setor privado. “Estamos indo bem aqui no Brasil. Tivemos uma desaceleração da economia, mas ela tende a acelerar no fim do ano, com o pagamento de 13º (salário)”, afirmou Mantega.

A opinião do ministro, no entanto, é bem diferente quando o assunto é a Europa. “Novos países entraram na alça de mira de problemas de dívidas soberanas e do sistema bancário. A Itália está entrando nessa rota. Em vez de o problema melhorar, só piora”, advertiu. “Acho que eles (autoridades do governo italiano) vão conseguir resolver. Mas nós temos que estar preparados para o baixo crescimento global”, completou. A presidente Dilma Rousseff, que na semana passada, discutiu os problemas europeus durante a Reunião de Cúpula do G-20, na França, não se mostrou tão pessimista. “O Guido ficou apreensivo, mas eu não”, brincou ela, ao se referir aos reflexos da crise sobre o Brasil. Mas Dilma reiterou que o governo trabalha para estimular o consumo e o desenvolvimento.


FMI pede apoio chinês

Numa tentativa de abrandar a instabilidade na Grécia e na Itália, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, pediu ajuda às autoridades chinesas para esclarecer aos mercados a participação de Pequim no Fundo de Europeu Estabilidade Financeira (Feef). “Esse esclarecimento político é necessário em Atenas e Roma, já que favorecerá a estabilidade”, declarou Lagarde, em viagem à China. Num momento em que o euro ficou abaixo de US$ 1,35 e que as bolsas de todo o mundo estão desestabilizadas, a Zona do Euro está buscando multiplicar a capacidade do Feef. Daí a preocupação de que o país asiático mantenha sua promessa de contribuir para o fundo.


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