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Argentina adota medidas para controlar câmbio

Veículo: O Globo
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BUENOS AIRES. Menos de uma semana após ter sido reeleita com 53,9% dos votos, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, decidiu reforçar o controle no mercado cambial para tentar conter a compra de dólares que, segundo dados de economistas privados, atingiu em torno de US$21 bilhões nos primeiros dez meses do ano. A partir de hoje, qualquer aquisição de moeda americana deverá ser autorizada pela AFIP (a Receita Federal argentina), que pedirá informações sobre a origem e o destino do dinheiro usado para realizar a operação.

A medida não foi bem recebida num país acostumado a economizar em dólares. Há décadas, a maioria dos argentinos opta pela moeda americana como refúgio em momentos de incerteza local ou internacional. Nos últimos meses, o Banco Central da República Argentina (BCRA) chegou a injetar até US$800 milhões no mercado em apenas uma semana para evitar uma disparada da cotação, que fechou sexta-feira passada em 4,26 pesos por dólar e chegou a bater 4,50 em algumas casas de câmbio em Buenos Aires. Por esse e outros motivos, as reservas do BCRA recuaram para US$48 bilhões, depois de terem alcançado US$52 bilhões nos primeiros meses do ano.

— Quem comprar dólares fará um mau negócio — disse na semana passada o vice-presidente do BCRA, Miguel Pesce.


Para diretor de banco, medida estimulará dólar

Mas a opinião das autoridades argentinas não conseguiu acalmar a busca por dólar. Esse foi um dos primeiros problemas encarados por Cristina após a reeleição. Segunda-feira passada, ela convocou a presidente do BCRA, Mercedes Marcó del Pont, e o ministro da Economia e vice-presidente eleito, Amado Boudou, para discutir o assunto.

Após o encontro, foram tomadas medidas de controle cambial, estabelecendo limites para operações acima de US$250 mil. Dias depois, porém, a Casa Rosada foi além e passou para o controle da AFIP as operações de compra de dólares no país. A partir de hoje também será proibido comprar dólares em caixas eletrônicos ou sites bancários. Até sexta-feira passada, estima-se que 20% das operações no mercado cambial eram realizadas por meios eletrônicos.

— Estas iniciativas só servirão para aumentar a ansiedade do mercado e, a curto prazo, estimular a demanda por dólares — criticou Federico Sturzenegger, presidente do estatal Banco Ciudad.



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