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G-20 pode dar força ao FMI no combate à crise europeia

Veículo: DCI
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Bruxelas - O G-20 (Grupo dos 20 países mais desenvolvidos e emergentes) pode decidir fortalecer o Fundo Monetário Internacional (FMI), dando condições para que auxilie nos esforços da União Europeia em conter a crise na zona do euro e evitar o contágio de outros países.

A proposta deve ser levada pelos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que resistem em investir no Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). Na quarta-feira, o grupo se reúne em Cannes, quando pretende tirar posição única que será levada ao encontro do G-20 na quinta e sexta-feira, na mesma cidade francesa.

Na última sexta-feira a China não confirmou a ampliação de sua contribuição ao FEEF, como esperavam as autoridades européias, em especial as da zona do euro. Já o Brasil avisou que pretende participar dos esforços de ajudar os países em crise através de aporte de mais recursos no Fundo Monetário Internacional (FMI) e não no FEEF. Essa posição fez com que a UE planejasse, para as próximas semanas, uma missão ao Brasil, liderada pelo diretor do Fundo, Klaus Regling na tentativa de convencer o governo a investir no FEEF.

A posição que o Brasil defenderá no G-20 será apresentada na quarta-feira, pela presidente Dilma Rousseff, no encontro dos países do BRICS. A intenção é tirar uma posição comum. Como o presidente-executivo do FEEF, Klakus Regling, não teve sucesso em sua visita, na sexta-feira, à China, a possibilidade de um acordo entre os BRICS aumenta.

Dilma também defenderá no G-20 a proposta de que o FMI transfira dinheiro aos países europeus por meio de suas linhas tradicionais de empréstimo, não havendo a necessidade criar novos instrumentos.

O Brasil prefere essa forma de atuação por considerá-la mais consolidada do que os outros mecanismos de ajuda que estão sobre a mesa. Além disso, os aportes adicionais ao FMI podem ser transformados em cotas do Brasil na instituição, aumentando seu peso nas decisões do organismo. Foi o que aconteceu com os US$ 10 bilhões que o País aportou no Fundo em 2009.

Missão da UE ao Brasil

Durante a reunião do G-20 também devem ocorrer reuniões bilaterais de negociação. E a presidente Dilma deverá se encontrar com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, ou mesmo com a chanceler alemã, Angela Merkel, para uma conversa sobre a crise européia. Mas, independentemente dos resultados do G-20, a Europa prepara missão ao Brasil para convencer o governo e potenciais investidores a fazer parte do resgate da zona do euro.

A União Europeia chegou a um acordo sobre o pacote cujo objetivo é blindar a Europa da crise, perdoar 50% da dívida grega e exigir recapitalização de bancos.

Para conseguir isso, terá de encontrar US$ 1,4 trilhão para abastecer o que vem sendo chamado de "braço armado" da política de resgate da UE. A peregrinação começou pela China.

Em Bruxelas, diplomatas europeus confirmaram que a meta é uma visita ao Brasil antes do fim do ano. A operação será liderada pelo diretor do fundo, Klaus Regling.

Um dos três pilares do acordo da UE é ampliar o FEEF dos atuais 440 bilhões de euros para mais de 1 trilhão de euros. Falta definir como captar esses recursos. Uma das opções é criar um organismo que, sob gerência do FMI, sairá ao mercado em busca de recursos. José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, espera que "países com grandes superávits em suas contas" contribuam. Segundo ele, vão ajudar a estabilizar a economia mundial.

O FEEF já fornece 17,7 bilhões de euros para a Irlanda, 26 bilhões euros para Portugal e fez duas emissões ao mercado. O governo japonês comprou quase um quinto dos bônus emitidos. Para o segundo pacote para a Grécia, de 130 bilhões de euros, o FEEF poderá ser chamado a oferecer 70 bilhões de euros. O fundamental é construir parede para evitar que a crise chegue a Itália e Espanha.

Merkel perde força

Na última sexta-feira, o Tribunal Constitucional alemão rejeitou o procedimento parlamentar estipulado pelo Parlamento (Bundestag) para aprovar as medidas para o resgate do euro e o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF). Numa derrota para a chanceler Angela Merkel que pode ir para a reunião do G-20 sem o aval do Parlamento alemão para negociar acordos para conter a crise na zona do euro.

O tribunal assinalou que os direitos de decisão do plenário do Parlamento alemão não podem ser assumidos em caso de urgência por um grupo formado por apenas nove deputados.

Os partidos políticos com representação parlamentar tinham acordado que esse grupo de membros da Comissão Orçamentária do Bundestag tomaria decisões de urgência sobre o FEEF e o resgate do euro para ganhar tempo. Os juízes germânicos exigem que o governo recorra sempre ao plenário do Parlamento para sancionar toda nova medida de ajuda para o resgate de países afetados pela crise da dívida ou para proteger a moeda única.


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