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Chineses também avançam sobre a indústria

Veículo: DCI
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A China está cada vez mais atenta ao Brasil e não só no setor automotivo. Prova disso são os investimentos da chinesa Baoji Oilfield Machinery Company (Bomco), fabricante de máquinas e equipamentos para prospecção e extração de petróleo e gás, na Bahia. Inicialmente, o aporte será de R$ 130 milhões para a abertura de uma fábrica em Salvador, em uma joint venture entre a asiática e as brasileiras Asperbras e Brasil China Petróleo.

"O Brasil é um País cujos recursos de petróleo são muito ricos", afirma o presidente da Bomco, Zhang Yongze. A nova empresa se chamará Bomcobras; as brasileiras Asperbras e Brasil China terão, somadas, 66% da sociedade, e a chinesa, 34%. "A Bomco trará tecnologia e 74 anos de experiência nesse setor e a Asperbras entrará com a expertise do mercado brasileiro", afirma o presidente da Asperbras, Francisco Colnaghi. O executivo afirma que toda a linha já produzida na China - que inclui bombas de lama, tubos e torres de perfuração, além de guindastes e sondas - será produzida no território brasileiro.

"Esperamos atingir, já no segundo ano de atuação, uma produção equivalente a dez sondas por ano, sem contar as peças de reposição", destaca Colnaghi. Ele ressalta que cada equipamento de perfuração pode custar até US$ 12 milhões.

O executivo afirma que o Brasil foi escolhido pela China por diversos motivos. Além da economia estável e das expectativas de crescimento, o petróleo é uma grande promessa. A presidente da Brasil China Petróleo, Wang Shu Wei, também concorda. "Escolhemos o Brasil para investir porque a bacia de petróleo do País é muito grande", diz.

De acordo com Colnaghi, o investimento inicial da parceria será de R$ 130 milhões, dos quais R$ 30 milhões são de uso imediato, e os restantes R$ 100 milhões serão utilizados ao longo dos próximos 18 meses. Outros volumes de aporte ainda podem ser anunciados. "Tudo vai depender do nosso trabalho e da exigência do mercado", destaca o executivo. E para o secretário de estado de Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James. S. S. Correia, a parceria vem em boa hora. "Estamos passando por um momento bom tanto para a economia do Brasil quanto da China."

Ainda no segmento de petróleo e gás, o vice-presidente da China National Petroleum Company (CNPC) Manufacturing, Zhang Hanliang, afirmou esta semana que a empresa chinesa busca parceiros nacionais e internacionais para investir na extração de petróleo na camada do pré-sal. Hanliang afirma que a CNPC tem "muito interesse" em investir no Estado de São Paulo , em especial na camada pré-sal.

O executivo se reuniu com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes. Para Hanliang, os negócios são primordiais para a aproximação entre China e Brasil. A CNPC Manufacturing é uma subsidiária da CNPC, a maior produtora e fornecedora de petróleo e gás do país asiático.

E os aportes vindos da China continuam no setor automobilístico. Mesmo após o anúncio do governo de aumento de 30% do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros com índice de nacionalização inferior a 65%, a Great Wall é a mais nova montadora chinesa a anunciar investimentos no País. A empresa pretende instalar no Brasil uma fábrica com capacidade de produção de 100 mil veículos ao ano.

O diretor de Marketing da empresa, Gao Dongxu, não revelou o valor que será destinado à construção da planta, mas destacou que o "Brasil é um enorme mercado em potencial da indústria automotiva". Ele afirma que a Great Wall ainda não tem local escolhido para levantar a sua fábrica em solo brasileiro, mas diz que procura parceiros para realizar o empreendimento.

Dongxu salienta que a elevação do IPI para carros importados não teve impacto "substancial" sobre a decisão da empresa de construir uma planta no Brasil. A Great Wall planeja fabricar no País picapes, utilitários esportivos (SUVs) e, em um segundo momento, sedãs.

A intenção de fabricar 100 mil veículos ao ano é a mesma de outra montadora chinesa, a JAC Motors, que afirma manter o seu projeto de instalar uma fábrica sua no País. O aporte inicial é de R$ 900 milhões (80% de capital próprio do Grupo SHC, detentor dos negócios da JAC Motors do Brasil, e 20% da JAC Motors da China).

O local mais provável para a instalação de uma planta da empresa é a Bahia. De acordo com nota divulgada à imprensa, a montadora afirma que "os entendimentos com o governo estadual da Bahia seguem avançados". A fábrica deve ficar pronta em 2014 e ter capacidade para produzir 100 mil unidades anuais de modelos que custam abaixo de R$ 50 mil. Inicialmente, serão criados 3,5 mil empregos. O empresário Sérgio Habib, presidente da divisão brasileira da montadora, afirma esperar que, com a decisão de manter os planos da JAC no Brasil, o governo brasileiro altere a nova medida de tributação do IPI para importados.

Na mesma estrada segue a chinesa Chery. Procurada pela reportagem do DCI, a montadora se posicionou através de nota oficial, em que afirma que os planos de implantação de uma unidade industrial da marca em Jacareí (SP) "permanecem inalterados". O investimento inicial deve ficar em US$ 400 milhões.

De acordo com a Chery, a decisão se baseia no "mercado futuro" e deve gerar, inicialmente, 1,2 mil empregos diretos, número que pode se expandir para 4 mil quando alcançada a capacidade máxima produtiva da unidade.

Segundo o presidente da Chery do Brasil, Luís Curi, a marca possui 12 fábricas fora da China, porém todas trabalham com montagem de peças - o chamado Complete Knock-Down (CKD). A planta brasileira seria a primeira a executar todas as fases de produção em larga escala.

Para a Comissão de Defesa da Indústria Brasileira (CDIB), entretanto, o País ainda vive, em diversos setores, um processo de desindustralização provocado pela crescente entrada de produtos chineses. No entanto, a entidade é otimista com os aportes provenientes do país asiático. "O investimento no setor produtivo é altamente saudável", diz o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Vassouras, Escovas e Pincéis e membro da CDIB, Manolo Canosa Miguez.

O empresário destaca que os importados chineses continuam sendo uma "lástima" para a indústria nacional, mas no momento em que se implanta uma fábrica no País, o que traz tecnologia e gera empregos, "as empresas passam a enfrentar as mesmas condições e dificuldades".


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