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Queda de preços das commodities pode comprometer rentabilidade

Veículo: Folha da São Paulo
Seção: Mercado
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O produtor já deve ficar atento à rentabilidade das commodities no próximo ano. O dólar, que já impedia receitas maiores quando estava cotado a R$ 1,50, passou a ser um inimigo ainda maior agora.
Naquele primeiro momento, o dólar era baixo em relação ao real, mas os preços das commodities estavam elevados, o que garantia renda. Agora, o dólar volta a recuar, mas as commodities caem em ritmo ainda maior.
A avaliação é de Fernando Muraro, da Agência Rural, de Curitiba. Segundo ele, esse novo cenário pode comprometer a rentabilidade dos produtores no próximo ano.
A situação é complicada para os que ainda não comercializaram parte da safra a ser colhida e têm dívidas em dólar. Podem vender mais barato e pagar mais caro.
Situação um pouco mais tranquila têm os que já anteciparam as vendas da safra 2011/12 e pagaram as dívidas. Na avaliação de Muraro, as vendas antecipadas de soja atingem apenas 25% até o momento. Soja e milho, dois dos principais produtos brasileiros, já sentem o reflexo desse novo cenário de queda em Chicago e são comercializados com quedas de R$ 5 e R$ 4 por saca, respectivamente.
Essa queda de preços é ainda mais complicada no setor de milho. Os produtores acabaram de sair da safrinha e aumentam a oferta de produto, enfraquecendo ainda mais os preços do mercado.
O apetite menor da China e a crise econômica mundial fizeram os preços das commodities recuar próximo de 20% nos últimos 30 dias. A queda atinge todos os produtos, de café a soja, diz Muraro. O café, negociado em Nova York, caiu 21%. A soja recuou 19% em Chicago.

Venda de defensivos tem alta de 16% em agosto

As vendas de defensivos agrícolas cresceram 16% em agosto, em comparação ao volume de igual período de 2010. Em valores, atingiram R$ 1,61 bilhão, segundo estimativas da Câmara Temática de Insumos Agropecuários e do Sindag (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola).
A elevação foi impulsionada principalmente pela maior demanda vinda das culturas de cana, algodão, soja e café, além de pastagens. O maior crescimento foi observado no mercado de inseticidas, com aumento de 24% em vendas no mesmo período, seguido dos herbicidas (20%) e acaricidas (10%).
No acumulado do ano até agosto, o setor registra alta de 7% nas vendas, também na comparação com 2010. As vendas totais deste ano somaram R$ 6,04 bilhões, contra R$ 5,65 bilhões no período anterior.

O peso agora vem da tributação

O setor de soja passou os últimos anos explicando às ONGs e ao mercado externo que a soja brasileira não era a responsável pela derrubada das florestas. A desconfiança ainda existe em alguns mercados, mas menor.
O setor passa a enfrentar, no entanto, um outro problema: o emaranhado tributário. Essa é uma questão interna e que consome mais tempo do que os embates ambientais.
A avaliação é de Carlo Lovatelli, presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais). Créditos presumidos que não retornam e IOF sobre operações de hedge com liquidações via câmbio têm dificultado o setor. Mas Lovatelli entende que as coisas poderiam ser mais fáceis às empresas sérias não fossem os "espertalhões de plantão", que obrigam o governo a estender esse cerco.


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