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Bancos alemães rejeitam a ampliação de ajuda à Grécia

Veículo: DCI
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Frankfurt - Os bancos da Alemanha se opõem a arcar com uma parcela maior no segundo pacote de ajuda para a Grécia, disse ontem o chefe da federação de bancos alemães, Andreas Schmitz. A declaração acontece um dia antes do Parlamento alemão votar a proposta de ampliação do fundo de resgate da União Europeia. Ao mesmo tempo, a Comissão Europeia detalhou ontem a sua proposta de criação do imposto para as transações financeiras, que atingirá principalmente as operações com ações, bônus e derivativos na zona do euro.

O segundo pacote de ajuda para a Grécia, fechado por líderes europeus em uma reunião em 21 de julho, envolve a redução no valor da dívida grega mantida por credores privados. Porém os prolongados temores em relação ao quadro do país levaram à especulação de que a parcela imposta ao setor privado pode ser elevada.

"A crise pode apenas ser superada se conseguirmos restaurar a confiança nos políticos", disse Schmitz ao jornal. "Se os governos agora desdobram a participação já acordada dos credores do setor privado, eles farão exatamente o contrário", argumentou. Mais cedo, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse que a crise econômica internacional que atinge vários países europeus tem também componentes políticos. Segundo ele, a Europa vive uma grave crise de confiança política. Para Barroso, é fundamental um esforço coletivo na tentativa de vencer as dificuldades.

Ontem, a chanceler alemã Angela Merkel admitiu que os termos do segundo pacote de ajuda à Grécia podem ser alterados.

Em entrevista à emissora gregra Net, Merkel indicou que o agravamento da situação econômica no país, após a reunião de cúpula de 21 de julho, pode ter aumentado as necessidades de financiamento da Grécia.

Merkel enfrenta hoje um desafio no Parlamento alemão. Será votada a proposta de aumento do fundo de resgate europeu destinado a ajudar os países em dificuldades na zona do euro. A chanceler acredita que não terá de confiar na oposição para aprovar o projeto que implantará a decisão tomada pelos líderes europeus em 21 de julho. "Eu gostaria de ter minha própria maioria e vou ter isso", disse Merkel.

Embora seja certo que a legislação vá ser aprovada, Merkel pode enfrentar a humilhação de ter de confiar nos adversários, em meio à revolta de membros de sua coalizão. A votação deve ser acompanhada de perto pelos mercados financeiros. Merkel também descartou a crescente especulação de que a Grécia terá de deixar a zona do euro e desqualificou comentários de que a Alemanha poderia trazer de volta o marco e sair do bloco. "Isso eu posso descartar", garantiu. "Não seremos capazes de destinar nada de nossos excelentes bens para exportação." A Alemanha é o segundo maior exportador de produtos, depois da China.



Parcela grega

Uma missão da Troica - entidade internacional formada União Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) - deverá chegar amanhã a Atenas para avaliar a situação das contas públicas do país. As conclusões dessa visita definirá a liberação da parcela do empréstimo de 110 bilhões de euros concedido no ano passado e determinará se é necessário, ou não, aumentar o novo financiamento ao país, definido, atualmente, em 109 bilhões euros.

"Temos de esperar pelo que a Troica vai encontrar e pelo que vai nos dizer: precisamos ou não renegociar?" inquiriu Merkel. "Claro que preferia que os números não fossem diferentes dos que conhecemos mas não posso antecipar as conclusões da Troica", acrescentou.



Transações financeiras

A Comissão Europeia detalhou ontem sua proposta sobre imposto para as transações financeiras, que tem como alvo operações com ações, bônus e derivativos. A proposta deve enfrentar oposição de alguns governos da União Europeia.

"O imposto incidiria sobre todas as transações de instrumentos financeiros entre as instituições financeiras quando pelo menos uma parte está localizada na União Europeia", diz a comissão, que tem poder executivo no bloco de 27 países, informou nota distribuída pela comissão.

As negociações de troca de ações e bônus seriam taxadas em 0,1%, enquanto as transações com contratos de derivativos seriam taxadas em 0,01%, disse a comissão, acrescentando ter recomendado que o imposto entre em vigor em janeiro de 2014.

O imposto tem potencial para arrecadar 57 bilhões de euros, sendo que parte dos recursos podem ser utilizados para fortalecer o orçamento da União Europeia.


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