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Produtor de algodão investe em renovação de máquinas

Veículo: Valor Econômico
Seção: Algodão
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Estimulados pelas escalada dos preços internacionais do algodão nos últimos dois anos e pela chegada de uma nova tecnologia, os produtores de algodão estão realizando o maior investimento da história em máquinas para a safra de 2012. A estimativa é de que os aportes superem os US$ 200 milhões (cerca de R$ 350 milhões).

Além de rentabilidade ainda elevada para o cultivo da pluma, o afã por investir se justifica pelo lançamento em escala comercial de uma máquina que é capaz de colher, prensar e enfardar o algodão no campo. A colheitadeira, fabricada pelas duas indústrias que disputam esse mercado - John Deere e Case IH - substitui até duas colheitadeiras convencionais e poupa seis dos oito trabalhadores utilizados numa operação comum, explica Arlindo Moura, presidente da SLC Agrícola.

A companhia, a segunda maior produtora de algodão do país, está substituindo 100% de sua frota de 95 colheitadeiras convencionais pelo modelo novo. As antigas estão sendo vendidas no mercado interno e exportadas para a África.

Só a John Deere já contabiliza encomendas de mais de 200 unidades para 2012. "Em 2005, que foi o melhor da história para o setor, o mercado todo vendeu 188 unidades", afirma Rodrigo Bonato, gerente de estratégia da montadora para a América Latina. O gerente de negócios da Case IH, Dirceu Duranti, estima que a demanda total pelo novo modelo será de 200 a 250 unidades, um mercado do qual ele espera abocanhar ao menos 40% das vendas.

Com receita de R$ 888 milhões em 2010, a SLC Agrícola pretende adquirir ao todo 45 colheitadeiras novas para bancar a substituição da frota. Dessas, nove foram compradas para a atual safra em finalização, a 2010/11, e outras 32 vão chegar em janeiro para o ciclo do ano que vem, diz o presidente da companhia.

Em 2011/12, a SLC Agrícola vai plantar 96 mil hectares, 10% mais do que na safra 2010/11. De acordo com Moura, o aumento se deve ao fato de a empresa ter vendido bastante algodão futuro com preços médios de US$ 1,10 a libra-peso para a safra 2011/12, ante a média inferior a US$ 1 da safra atual, a 2010/11.

Apesar de os preços da pluma terem recuado do recorde de março deste ano de US$ 2 por libra-peso para o patamar de US$ 1, a rentabilidade ainda está alta, pois os custos estão na casa dos 70 centavos de dólar por libra-peso, segundo o executivo.

Walter Horita, um dos maiores produtores da pluma na Bahia, também iniciou a substituição de sua frota de 25 colheitadeiras pelo novo modelo. Até agora, adquiriu seis máquinas para usar na colheita do ano que vem. "Isso significará redução de custos ao produtor", diz. Além disso, conta ele, a venda de duas colheitadeiras convencionais praticamente vai gerar receita para pagar a compra de uma unidade do novo modelo.

Bonato afirma que o investimento em curso pelos produtores vai ajudar a reduzir o déficit na capacidade de colheita mecanizada do Brasil. Segundo ele, nos últimos 15 anos as montadoras venderam 1,3 mil colheitadeiras, o suficiente para colher uma área de 1,2 milhão de hectares - 100 mil a menos do que o país deve cultivar na safra 2011/12. "Isso significa que o produtor vai precisar estender a colheita além do prazo desejado", explica o executivo da John Deere.

Duranti afirma que a capacidade de produção de Case e John Deere, que fabricam as colheitadeiras de algodão nos Estados Unidos, é um limitador à demanda. "O Brasil já é o segundo maior mercado para colhedoras de algodão, atrás apenas dos Estados Unidos".

Embora o mercado de máquinas agrícolas tenha perdido fôlego neste ano, as vendas de colheitadeiras para todas as culturas cresceram 9,4% em entre janeiro e agosto, para 2,87 mil unidades, na comparação com igual intervalo de 2010. Se a tendência se mantiver, este será o melhor desempenho desde 2004, quando foram vendidas 5,6 mil máquinas, segundo dados da Anfavea, a associação que representa as montadoras.



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