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Comércio com Oriente Médio deve duplicar em cinco anos

Veículo: DCI
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O estreitamento de relações entre o mundo árabe e o Brasil, intensificado durante os anos do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, deve continuar a gerar oportunidades de negócios para o empresariado nacional. De acordo com Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, presente ontem na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, os países da região do Oriente Médio e do norte da África compreendem um dos mercados mais promissores para os produtos nacionais.

Michel Alaby, diretor-geral da Câmara Árabe, conta que em 2003 estipulou-se a meta de que até 2006 a corrente comercial entre os blocos chegasse à US$ 10 bilhões. Depois de alcançada a meta, a projeção foi corrigida. "Pretendemos alcançar US$ 30 bilhões em intercâmbio comercial até 2015", afirma Alaby. Para chegar a este valor, o comércio entre os países terá de duplicar em cinco anos. Em 2010, a balança comercial entre Brasil e Oriente Médio fechou com total de US$ 15,205 bilhões. Como comparação, o comércio entre Brasil e Mercosul terminou 2010 com US$ 30,524 bilhões negociados.

Neste ano, até agosto, o Brasil exportou US$ 8,069 bilhões para o Oriente Médio, enquanto importou US$ 3,850 bilhões. A corrente comercial de US$ 11,9 bilhões salta para US$ 18,7 bilhões ao somar os países do norte da África, constituindo a Liga Árabe.

Segundo Evaldo Alves, professor de Comércio Exterior da FGV Management, um crescimento de quase 200% em cinco anos pode parecer demasiado. Porém, a aproximação econômica entre o bloco e o Brasil permite que o valor não seja surpreendente. "É perfeitamente viável. Nossa exportação para os países emergentes cresce rapidamente", anima-se o economista.

Além do crescimento singular, o País não encontra barreiras na Liga Árabe contra seus produtos manufaturados. De acordo com Welber Barral, ex-secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o Brasil possui três frentes de negócios com alto potencial de desenvolvimento na região. "Primordialmente, produtos agrícolas, principalmente frango. Em segundo, produtos industrializados. E em terceiro, a área de serviços para construção civil", diz.

Embora nos países próximos ao Golfo Pérsico, os mais ricos devido à exploração do petróleo, haja uma guerra de preços, Welber conta que o comércio local está aberto a produtos diferenciados. "As áreas de cosméticos, calçadista e têxtil têm menor dificuldade de entrar nesse mercado", afirma. Para o consultor, há também uma expansão da renda na região, semelhante à ocorrida no Brasil nos últimos anos. "Muitos países passam por crescimento da classe média, demandando maior volume e melhores produtos", explica.

A área de construção civil é uma das mais exploradas por empresas brasileiras no norte da África. Segundo Barral, projetos de construção de hidrelétricas, barragens e obras de infra-estrutura são, em grande parte, concebidos por companhias tupiniquins. "Isso aumenta importação de tratores, caminhões, gasolina, produzidos aqui", diz. Com a série de revoltas nestes países, conhecida como primavera árabe, algumas obras foram paralisadas. Na Líbia, com os confrontos entre rebeldes e aliados de Kadafi, uma companhia brasileira teve de interromper suas operações. Entre os contratos, estavam as construções de um aeroporto e da malha metroviária da capital Trípoli.

Segundo o ministro Fernando Pimentel, o empresariado brasileiro deve voltar seus olhos para novos mercados. "O Brasil é bem visto no mundo árabe. Somente até agosto, nossos negócios cresceram 31%", afirma o ministro.

No setor alimentício, a Liga Árabe constitui o segundo maior importador de produtos agrícolas. De acordo com Michel Alaby, os países estão abertos para a qualidade da produção brasileira. "Já temos competência, notoriedade, marca nesta área. A marca dos alimentos do Brasil", afirma. Segundo Alaby, frango, carne, milho, soja, açúcar e café possuem maior possibilidade de expansão no mercado árabe.

Para Evaldo Alves, há realmente uma aproximação econômica grande entre os países árabes e o Brasil. Aproximação que não se enxerga na política. "Do ponto de vista econômico, são países que estão em crescimento, mas a região é um pouco instável", comenta. Alves afirma, no entanto, que as revoltas da "Primavera Árabe" devem acabar, devolvendo a região à normalidade. "Exceto a Líbia, que não tem participação tão relevante no intercâmbio comercial com o Brasil, a região voltará se acalmará", diz.

Alaby também afirma que produtos com o selo "verde", ou seja, de origem sustentável, terão espaço no Oriente Médio. "Este é um mercado que não é explorado pelo brasileiro. Além de haver procura, não existe a concorrência chinesa. Eles sabem que os chineses não se preocupam com esses aspectos", afirma. Segundo Barral, secretário do Mdic até o final de 2010, este nicho não foi identificado por sua equipe enquanto trabalhava no ministério. "Talvez possa ter uma mudança de tendência. O grande mercado verde é a Europa", diz.


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