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Economistas apoiam gestão de Tombini no Banco Central

Veículo: DCI
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Os ex-ministros da Fazenda, Antonio Delfim Netto e Luiz Carlos Bresser-Pereira, disseram ontem que apoiam a condução da política econômica e monetária do governo de Dilma Rousseff. Contudo divergem um pouco sobre a questão cambial no Brasil. Eles fizeram as considerações durante o 8º Fórum de Economia, realizado nesta segunda-feira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Para Delfim Netto, o maior problema do País hoje é câmbio. Ele não é muito favorável a uma alta expressiva do dólar ante o real. "Essa situação só será resolvida quando a taxa de juros interna for igual a externa", disse. Já Bresser-Pereira comenta que a moeda norte-americana deve se subir ainda mais e atingir uma taxa ideal de R$ 2,30 por dólar.

Contudo, ambos apoiam as ações do Banco Central (BC). "O diagnóstico do [Alexandre] Tombini [presidente da autoridade monetária] está correto. Ele está mais afinado com a realidade monetária do mundo do que os analistas financeiros do Brasil", explicou Delfim Netto.

"A análise do BC, de que a crise internacional estava se agravando e que a economia nacional estava desaquecendo se confirmou após a redução da taxa de juros [em 0,5 ponto percentual, para 12%]. O governo como um todo percebeu esse cenário muito antes do mercado. Antes até de mim mesmo. Foi mérito do Tombini, que, aliás, é essa sua função", avalia Bresser-Pereira.

Sobre as críticas de alguns economistas de que o BC estava interferindo muito no câmbio, Delfim Netto brinca. "Quando o dólar estava em R$ 1,50, alguns analistas criticavam o BC. Quando o dólar ultrapassou R$ 1,90, esses mesmos pediram para que a autoridade monetária voltasse a atuar."

Neste contexto, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Fernando Pimentel, considerou ontem que o BC teria de ser mais ativo para diminuir a alta do câmbio. "O real desvalorizou um pouco, 11% em uma semana, e forçou o BC a entrar no mercado. Vamos chegar ao final do ano em um patamar razoável, a R$ 1,70. Talvez um pouco mais, ou um pouco menos", comentou, ao participar de encontro na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

"Tudo isso mostra que estamos caminhando para um novo desenvolvimentismo. Ou seja, para uma estratégia nacional de desenvolvimento, que sem deixar de lado a inflação que é fundamental, foca na necessidade também de ter mais emprego e crescimento econômico", acrescentou Bresser-Pereira.



Críticas

Os dois especialistas - cujas visões são desenvolvimentistas tal como a maioria dos palestrantes no fórum de ontem - criticam, por outro lado, o fato do Brasil ainda ter a maior taxa de juros do mundo. O primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, disse que a redução da taxa de juros foi uma atitude corajosa. "Mas seria ruim para o País se não continuasse a reduzir mais", complementou durante palestra no evento da FGV.

Por outro lado, Steinbruch afirmou que o BC demorou a agir para uma valorização excessiva do dólar, como vender dólares no mercado futuro. Já Delfim Netto justifica essa demora ao dizer que a autoridade monetária esperou "o sinal amarelo". "A atual valorização do dólar não tem nada a ver conosco [Brasil]. Tem a ver com o cenário externo. Todas as moedas, com exceção do iene, se desvalorizaram. O aumento do IOF [Imposto sobre Operações Financeiras, incidente nas operações de crédito da pessoa física e operações de câmbio] pouco impactou na desvalorização do real", afirmou.

Bresser-Pereira endossa a opinião de Delfim Netto. Mas para ele, o impacto do aumento da alíquota de IOF ajudou consideravelmente a valorização do dólar no Brasil. "O que é algo muito positivo", ressaltou o ex-ministro.

Os especialistas disseram também que a presidente Dilma precisa aproveitar o atual contexto interno e externo para exercer uma maior liderança mundial. "A crise internacional me parece séria e profunda. E o Brasil está numa situação mais favorável do que os demais países. O que nos dá força para crescer, mas, temos que saber tirar proveito disso", disse Steinbruch.

Na opinião de Bresser-Pereira, "Dilma Rousseff está levando essa sugestão em prática". "Apesar da crise externa ser muito grave. O governo está atento ao que está acontecendo. O País, fiscalmente, está muito bem. A dívida pública é pequena e não há nenhum risco para nossos bancos. Sabendo aproveitar as oportunidades, o Brasil vai longe", projeta.

Delfim Netto acredita que a economia brasileira tem condições de crescer, em média 4%, e ter uma inflação convergindo para o centro da meta, de 4,5%, nos próximos anos. "Não importa se vai ser a partir de 2013. O importante é que estamos caminhando para atingir esses objetivos. A presidente Dilma é uma tecnocrata competente. O único defeito dela é que ela cometeu os mesmos erros que nós, pois ela leu nossos livros", brincou


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