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Lagarde: FMI pode não ter recursos suficientes

Veículo: O Globo
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WASHINGTON. As reservas para empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), de US$384 bilhões, podem não ser suficientes se a crise econômica global se agravar, alertou no fim de semana a diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde. Em documento distribuído no sábado, ela afirma que a atual capacidade do FMI “parece confortável hoje mas reduzida frente à necessidade potencial de financiamento de países vulneráveis”.

Já o diretor do Departamento Europeu do FMI, Antonio Borges, afirmou ontem que o Banco Central Europeu (BCE) é a única instituição com poder para evitar que a crise na zona do euro cause mais danos à economia global:

— É muito importante ter uma combinação entre o BCE e o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef). O BCE é o único agente que pode realmente dar um susto nos mercados.

O Feef atualmente é de 440 bilhões. Para analistas, seriam necessários ao menos 2 trilhões para proteger Itália e Espanha caso a crise se espalhe.

Mas a atuação do FMI na crise da dívida na zona do euro foi alvo de críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

— O FMI não teve nenhuma coragem de tomar alguma medida em relação à crise europeia. Ou seja, não deu nenhum palpite consistente nesses últimos três anos — disse Lula a jornalistas brasileiros antes de sua palestra, no sábado à noite, na Biblioteca do Congresso americano, em um evento do Itaú Unibanco.

Ele disse confiar mais no governo brasileiro que no FMI na avaliação da economia:

— Entre as estimativas do FMI e as do Ministério da Fazenda e do Banco Central, prefiro ficar com o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Nós trabalhamos com base na realidade, não em medidas fictícias.

Na sua opinião, o Brasil está bem preparado para o caso de um agravamento da situação na Europa, tem condições de continuar reduzindo a taxa de juros, mas deve ficar atento.

— O Brasil tem de se cuidar. Não pode ficar achando que é imune a uma crise mundial — disse Lula. — A crise da Grécia, em março do ano passado, significava US$49 bilhões, e hoje significa US$200 bilhões. Não se estancou a sangria no momento certo, portanto, o paciente está passando mais necessidade.

Uma moratória da Grécia poderia destruir a confiança dos investidores na zona do euro e provocar um contágio semelhante ao ocorrido após a quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008, segundo a chanceler alemã, Angela Merkel. Em entrevista à TV alemã, ela disse que se os investidores acharem que o socorro à Grécia poderia se estender a Espanha, Bélgica ou qualquer outro país, “ninguém colocaria mais seu dinheiro na Europa”. (Fernando Eichenberg, correspondente, com agências internacionais)



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