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Infraestrutura e energia atraem atenção de empresas alemãs

Veículo: DCI
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De olho no crescimento brasileiro, mais de 250 investidores alemães participaram do Encontro Econômico Brasil-Alemanha. A fim de novas oportunidades para suas empresas, os germânicos criam expectativas sobre os megaeventos a serem realizados no País e para o potencial do pré-sal. Segundo Tatiana Porto, gerente-executiva da unidade de comércio exterior da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o empresariado alemão começa a pensar de forma diferente o mercado brasileiro. "É um desafio desmistificar o Brasil como uma nação agrícola, mas o intuito é exatamente trabalhar a nossa imagem industrial", diz. Realizado pela CNI e pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o evento atraiu mais de 1.500 empresários em busca de novos negócios. Entre os assuntos mais procurados pelos parceiros europeus estão infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento, óleo e gás, e os eventos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Segundo Robson Braga de Andrade, presidente da confederação, o País receberá grandes investimentos estrangeiros devido a esses eventos, além da exploração da camada do pré-sal. Para o executivo, o desenvolvimento de cadeias produtivas de petróleo, gás e energias renováveis, como o etanol, será o mote procurado por grandes empresários. Com o agravamento da crise financeira, causando maior aflição aos países da União Europeia e aos Estados Unidos, os produtores alemães buscam novos parceiros comerciais para fortalecer a demanda por seus manufaturados. "A Alemanha, obrigatoriamente, volta suas atenções para outras economias. No caso da América Latina, a principal é o Brasil", comenta Tatiana Porto. Segundo executivos da CNI, para o estreitamento de relações entre os dois países seria necessário um acordo que facilitasse o comércio bilateral. Para Robson de Andrade, ambas as nações deveriam se empenhar no acordo tributário entre Mercosul e União Europeia. "As oportunidades são muitas e há muitos campos em que podemos avançar para aumentar a corrente de comércio, de investimentos e a cooperação tecnológica entre os dois países", disse, segunda-feira, durante sua palestra no evento. No entanto, a imagem que Tatiana Porto diz fortalecer ainda está longe de ser reconhecida pelos alemães. Segundo Hans-Peter Keitel, presidente da Bundesverband der Deutschen Industries, a CNI germânica, seu interesse ainda está relacionado ao poderio brasileiro em insumos básicos. Atualmente, o Brasil registra déficit na balança comercial com a Alemanha. Até agosto, US$ 6,150 bilhões foram exportados para o país europeu, enquanto US$ 9,936 haviam sido importados. Na Europa, apenas Países Baixos (Holanda) compram mais produtos brasileiros que os alemães. Porém, nos últimos anos, os alemães não se mostraram ávidos por investir grandes quantidades de dinheiro em terras tupiniquins. Até julho deste ano, US$ 477 milhões foram contabilizados pelo Banco Central como Investimentos Diretos oriundos da Alemanha. Segundo Tatiana Porto, é necessário diversificar nossa pauta exportadora para que essa balança se reverta. "Não podemos exportar apenas commodities, insumos agrícolas, minerais. Também possuímos tecnologia. Nossas construtoras são internacionais. Temos que agregar valor à nossa pauta", diz a executiva em tom de reclamação. Parceria tecnológica Um dos assuntos mais comentados durante o evento foi a parceria tecnológica formada pelo Senai de Santa Catarina e o Instituto Fraunhoffer. Segundo Tatiana Porto, o acordo entre as instituições prevê outras novas em diferentes áreas de pesquisas. "Eles possuem muito interesse em energia renovável. A cooperação tecnológica para melhorias de produção pode ajudar a fechar novos acordos", diz a gerente de Comércio Exterior do CNI. Segundo Hans-Peter Keitel, o know-how de Brasil e Alemanha pode ser essencial para o avanço em áreas como infraestrutura. "Nós temos a tecnologia e vocês as matérias-primas. Podemos fazer trocas", afirma Keitel. Ruy Nunes Nogueira, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, aponta para o potencial inovador da indústria alemã como norte para as brasileiras. "As pequenas empresas alemãs, que são reconhecidas pela sua capacidade de inovar e de exportar, devem ser um exemplo para o Brasil", diz. De acordo com o secretário, o comprometimento da nova política industrial com a inovação e a agregação de valor ao produto nacional deverá favorecer parcerias deste tipo. A proximidade cultural de algumas regiões brasileiras também facilita as negociações para desenvolvimento tecnológico, diz Porto. "Os alemães ficam impressionados com a quantidade de brasileiros que ainda fala alemão. Essa proximidade dá segurança a eles na hora de fechar um negócio ou uma parceria".


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