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Governo infla crescimento para atingir superávit

Veículo: O Globo
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Um governo, duas medidas. Enquanto o Banco Central (BC) espera extraoficialmente uma expansão de 3,5% este ano, o Ministério do Planejamento prevê em documentos oficiais que o Brasil deve crescer 4,5%. Segundo esta previsão, a estimativa de arrecadação cresceu e conseguiu acomodar exatamente o necessário para bancar o aumento da economia para pagar juros da dívida — o chamado superávit primário —, de R$10 bilhões, anunciado pelo governo no mês passado. Mais otimista é a previsão do Planejamento, divulgada ontem, do que a do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que já admite que o crescimento será ao redor de 4%. A projeção de inflação do Planejamento é a mesma do BC: 5,8%. Porém, a estimativa da autarquia deve mudar no fim deste mês, quando for divulgado o mais recente relatório de inflação. A previsão é bem menor do que prevê o mercado, que espera 6,46%, segundo pesquisa Focus, feita semanalmente pelo BC com instituições financeiras. A estimativa no Focus é que o Brasil crescerá 3,52% neste ano e não mais 3,56%, como previsto na semana passada. O pessimismo aumentou também em relação ao ano que vem. A projeção de crescimento caiu de 3,8% para 3,7%. Foi a quarta semana consecutiva de queda. “Após o término do quarto bimestre de 2011, o Poder Executivo reviu as projeções das receitas primárias e das despesas primárias de execução obrigatória, observando dados realizados até o mês de agosto, e parâmetros macroeconômicos atualizados, compatíveis com a política econômica vigente”, diz o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, cuja meta é adequar o Orçamento à economia. Segundo o documento, a estimativa de receita neste ano subiu R$15,7 bilhões, por causa do que já foi arrecadado a mais que o previsto com a antecipação do pagamento por diversos contribuintes de parcelas do programa de parcelamento mais recente — o Refis da Crise —, garantindo abatimento se antecipassem parcelas. Descontadas despesas obrigatórias e outras que surgiram nos últimos dois meses, sobram R$10,2 bilhões. — Essa revisão é para acomodar algum tipo de despesa que não será cumprida. É algo perigoso e inusitado, porque há dúvidas sobre o que acontecerá por causa da crise — diz o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel.


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