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Maiores montadoras anteciparam aportes

Veículo: DCI
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Ao mesmo tempo em que o governo preparava o pacote que aumentou o peso da carga tributária para os veículos importados e às empresas que ainda montam seus produtos por aqui e aportaram no Brasil recentemente (as chamadas new comers), as montadoras mais tradicionais informavam as suas intenções de aumentar a produção no Brasil, indiferente aos discursos sobre a perda da competitividade do setor produtivo brasileiro. Nesse bloco se encontram a Volkswagen, Renault, PSA Peugeot e, agora, a MAN. Juntas, essas empresas deverão aplicar mais de US$ 2 bilhões no País, um valor que se soma à previsão de aporte na casa de US$ 11,2 bilhões do setor automotivo até 2012. Com esse cenário, a reação dos atores desse mercado no Brasil foi de otimismo com o aumento em 30 pontos percentuais para veículos que não atendessem aos 65% de conteúdo nacional mínimo. Pelo lado institucional, a manifestação veio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e das empresas a única a se pronunciar foi a MAN, cuja sede fica em Resende (RJ). Por sua vez, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) não emitiu nenhuma nota oficial sobre o assunto, apesar dessas medidas afetarem diretamente suas associadas. A Fiesp afirmou em comunicado na sexta-feira que "considera bem-vinda a decisão do Governo Federal, anunciada ontem (15), de aumentar as alíquotas do IPI para veículos importados e para aqueles que não tenham 65% de componentes fabricados no país. A entidade acredita que são positivas e necessárias todas as medidas que contribuam para o fortalecimento da indústria brasileira, a geração de empregos no país e o desenvolvimento tecnológico nacional". Além disso, considera que o governo demonstra, com essas medidas, a preocupação com o que classificou como grave momento enfrentado pela indústria brasileira. Porém, termina dizendo que ainda há espaço para mais medidas de auxílio ao setor produtivo brasileiro. A fabricante dos caminhões de marca Volkswagen, a MAN, também elogia a medida. Em evento do pré-lançamento da nova linha de caminhões para o Salão Internacional do Transporte - Fenatran, que ocorreu no Rio de Janeiro, dirigentes da marca comemoraram as novas medidas. "Eu vejo o novo pacote com bons olhos e acredito que essa decisão tenha vindo na hora certa", afirmou Roberto Cortes, presidente CEO da MAN Latin America. Ele justificou a necessidade dessa elevação ao afirmar que o setor de veículos pesados vem sendo penalizado há tempos com a entrada de importados e mencionou que com o dólar mais baixo o fluxo de importados aumentou expressivamente. "O que tem acontecido é uma avalanche de produtos importados", acrescentou o executivo. Cautela Outro setor que comemora o endurecimento do País com os importados é o de autopeças. A perspectiva é de que a demanda pelo produto nacional aumente e impulsione as vendas das empresas. Isso se deve pelo fato de que as montadoras que atualmente importam peças deverão transferir uma importante parte de seus fornecedores para o mercado local com a finalidade de se adequar às novas exigências para manter os preços de seus produtos. Para isso, as novas regras apontam para um prazo de 60 dias, mas que na prática deverá ser reduzido a 45 dias para submeter-se à avaliação do Ministério do Densenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) que ficou com a responsabilidade de verificar o cumprimento do índice de conteúdo nacional. Apesar desse cenário, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) disse que ainda não de posicionará quanto ao pacote porque sua equipe técnica ainda está debruçada sobre as regras para verificar qual o impacto que essas exigências podem ter sobre o desempenho do setor. O ceticismo da entidade tem como base as projeções de balança comercial no setor de autopeças e nas previsões de vendas em comparação ao crescimento do setor automotivo brasileiro. Segundo números da entidade, nos primeiros sete meses de 2011, a balança comercial brasileira de autopeças apresentou saldo negativo de US$ 2,66 bilhões, 23,3% superior ao déficit de igual período do ano passado. Em julho, as exportações somaram US$ 986,16 milhões e as importações, US$ 1,43 bilhão. Já as estimativas para o desempenho de 2012, antes do anúncio era de que as vendas do setor, em dólares, devessem permanecer praticamente estáveis, com leve crescimento de 0,3%. Já do outro lado, além da associação das importadoras de veículos, que naturalmente protestaram contra essa medida, está o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge. Ele, que faz parte do Conselho de Administração da MAN, classificou as medidas anunciadas como estranhas e desnecessárias. Na avaliação dele, a decisão pode afastar as montadoras que planejavam investir e construir novas fábricas no País. "Acredito que a indústria brasileira não precisa disso. A parcela dos veículos importados nas vendas no País é pequena", afirmou, ressaltando que a maioria dos veículos importados vendidos no País vem do Mercosul e do México, com os quais o Brasil possui acordos. "Isso vai desestimular a entrada de novas fábricas no Brasil. Eu, se fosse presidente de uma montadora que estava para entrar no País, reveria minha posição", acrescentou. Investimento Em meio à turbulência do anúncio do novo pacote de medidas do governo federal para o setor automotivo, a MAN anunciou aporte de R$ 110 milhões para sua fábrica de Resende (RJ). De acordo com Marco Saltini, diretor de Assuntos Institucionais e Governamentais da MAN, a empresa vem passando por três ciclos de investimentos na ordem de R$ 1 bilhão cada desde o final da década de 1990. "Ao concluirmos o projeto de Resende, os investimentos serão muito maiores que os anunciados hoje", disse o executivo. Hoje, a capacidade de produção da empresa é de cerca de 73 mil caminhões por ano, no entanto, espera-se alcançar a marca de 100 mil unidades anuais até o final de 2013. As vendas deste ano podem chegar a 70 mil unidades.


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