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Dólar em alta, cuidado redobrado em viagens

Veículo: O Globo
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Quem está de viagem marcada para o exterior nos próximos meses e ainda não comprou dólares terá que planejar com cuidado o orçamento para não perder dinheiro. Com as recentes altas da moeda americana, os diferentes meios de pagamento (como cartões de crédito, débito ou moeda) apresentam vantagens e desvantagens e é importante ficar atento às oscilações do câmbio e às diferenças de custos (particularmente das alíquotas de IOF) das administradoras de cartões. No mês, o dólar comercial acumula alta de 8,79%. A taxa mais alta continua sendo a do cartão de crédito, que desde abril deste ano tem Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6,38%. Sobre o cartão de débito pré-pago (cartão em que a pessoa “carrega” um valor predeterminado e vai usando ao longo da viagem) e o traveler’s check, o IOF é bem menos salgado, de 0,38%. Essa taxa vale também para a compra de dólar em espécie no banco. Na última terça-feira, o dólar turismo foi vendido nas casas de câmbio do Rio de Janeiro a R$1,83, a maior cotação desde 10 de dezembro do ano passado (R$1,84). Em São Paulo, a moeda era vendida por R$1,79. Um mês e meio atrás, a moeda era cotada a R$1,65 no mercado. Tomando o dólar a R$1,79, uma despesa de US$1 mil no exterior custará R$1.790 sem contar o imposto — com a alíquota do cartão pré-pago, de 0,38%, subirá para R$1.796,80 e, com a de crédito, de 6,38%, o valor vai a R$1.904,20. Se o viajante gastar US$5 mil, a conta em reais será de R$8.950 sem o IOF, de R$8.984,01, no pré-pago e de R$9.521 com o cartão de crédito). — Se a viagem já está programada, o melhor é sentar e planejar com cuidado. As pessoas sempre encontram oportunidades de compra e é muito comum o orçamento estourar, pelo menos 30%, durante a viagem. Com a alta do dólar, a atenção deve ser redobrada — diz o professor Ricardo Humberto Rocha, que também é consultor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Segundo ele, o ideal é colocar no papel quanto será gasto durante toda a viagem e comprar parte em espécie. Além de evitar a variação cambial, se o dólar estiver com tendência de alta, a pessoa estará segura para gastos pequenos, do dia a dia. Sua dica: levar pelo menos um terço em espécie e o restante em um cartão de débito. Se for viajar com a família, é mais seguro dividir o dinheiro do pré-pago em dois cartões para se precaver de uma eventual perda. Ele não acha muito bom exagerar na compra de travelers aqui, pois, se não for utilizar tudo na viagem, haverá perda na conversão para reais na volta. Câmbio do cartão de crédito é o comercial, mais baixo O dentista Paulo César Carvalho está de viagem marcada para Orlando, nos Estados Unidos, no dia 1º de janeiro de 2012, com a mulher e os dois filhos. Pego de surpresa com a alta do dólar nos últimos dias, ele ainda está fazendo as contas para ver a melhor maneira de não encarecer muito a viagem. As passagens foram compradas em março, quando o dólar estava a R$1,56. Mas a hospedagem está sendo fechada somente agora, com o dólar a R$1,80. A família planeja gastar US$5 mil em compras e despesas diárias. A ideia é usar o cartão de crédito o mínimo possível. — Estamos muito preocupados com a alta do dólar. Já deveríamos ter comprado para evitar o que aconteceu em 1999, quando a cotação chegou a R$3 durante uma viagem que fizemos aos Estados Unidos. Agora, é contar que a cotação não suba tanto. O bom é que você paga o IOF de 6,38% no cartão de crédito, mas acaba levando a vantagem do câmbio com o dólar comercial, que é mais barato que o turismo — diz Carvalho. O professor da FGV, Fernando Zilveti, lembra que os brasileiros estão gastando muito no exterior, mesmo com a alta do dólar. Em sua avaliação, porém, os turistas só seriam prejudicados se a moeda americana subisse a mais de R$2. Ele diz que a melhor maneira de eliminar o risco cambial é utilizar o cartão pré-pago. O sócio-diretor da Agência Solfesta Turismo, José Francisco Azevedo, conta que grande parte das pessoas que vão viajar para o exterior no fim do ano pagou o pacote com câmbio entre R$1,50 e R$1,60. Por isso, o custo será mais alto para quem não comprou dólar para as despesas diárias, mas, afirma, isso não deixará a viagem inviável. Para o vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, com as incertezas sobre a economia mundial, o melhor é comprar a moeda americana o quanto antes e depositar uma parte num cartão de débito. Cassius Schymura, diretor de cartões do Banco Santander, lembra que o turista deve levar em consideração a segurança na hora de planejar a viagem. Um mix de dólar em espécie e cartão pré-pago, diz, é uma boa opção, mas o consumidor precisa pensar se no país para onde está indo seu cartão é bem aceito. Nos Estados Unidos, observa, o cartão é aceito em todo lugar, mas nem sempre é assim em outros países. Para o executivo, às vezes pode valer a pena arcar com um custo maior de variação cambial e IOF e usufruir a comodidade do cartão de crédito.


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