Notícias

Zara anuncia a criação de disque-denúncia

Veículo: Folha de São Paulo
Seção: Mercado
Página:

Segundo diretor do grupo, escândalo forçou a empresa a abandonar, pela primeira vez, seu estilo discreto A Zara promete triplicar o controle e a fiscalização de seus fornecedores no Brasil. Depois de enfrentar denúncias de trabalho análogo à escravidão no mês passado, a espanhola decidiu criar um disque-denúncia para descobrir irregularidades em seus fornecedores. A linha, que começou a funcionar ontem, é supervisionada pelo Instituto Ethos. Em entrevista à Folha, o diretor de comunicação do grupo, Jesús Echevarría, disse que o escândalo no Brasil forçou a empresa a abandonar seu perfil discreto. Após as denúncias, as ações da Inditex caíram 4% no mesmo dia. Folha - Faltou fiscalização aos fornecedores da Zara? Jesús Echevarría - Temos um código de conduta que permite a subcontratação, mas o nosso fornecedor omitiu essa terceirização. Serviu de lição de que temos que triplicar a fiscalização. Como qualquer sistema, pode ter alguma falha, mas será bem mais difícil a ocultação. A indústria têxtil da Ásia ao Brasil é acusada de exigir preços muito baixos a seus fornecedores, o que estimularia práticas ilegais. Como o senhor responde a essa acusação? A Zara não tem os preços mais baixos. Sempre priorizamos a rapidez e a qualidade, que fizeram nosso sucesso em mais de 70 países. Pagamos preços do mercado, mas há fornecedores que querem aumentar seu lucro. Mas é importante não demonizar a indústria. A imensa maioria de nossos fornecedores aqui e no mundo faz um grande trabalho. O dono da Zara, Amâncio Ortega, nunca deu uma entrevista e a marca não faz publicidade. Essa invisibilidade não aumentou a repercussão das denúncias? Sempre fomos muito discretos, até por nossa origem humilde, em uma pequena loja em La Coruña. Achávamos que nossa comunicação dependia de belas lojas, bem localizadas, com boas vitrines e bons preços. Tivemos que mudar essa estratégia pela primeira vez. A Zara estava desprevenida? Respondemos as denúncias e tratamos de apurá-las no primeiro dia no estilo Zara. Sem publicidade. Fizemos um relatório longo e entregamos à deputada Manuela D'Ávila (PC do B-RS). Estamos cooperando com o Ministério do Trabalho porque somos os maiores interessados em combater essas situações, mas demoramos para falar com os meios de comunicação, o que estamos fazendo agora. E o que muda na operação brasileira? Mais controle e fiscalização contra generalizações. O fornecedor que subcontratou produz menos de 5% da produção da Zara no Brasil.


Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar