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Com baixa procura por títulos da Itália, bolsas têm dia de nervosismo

Veículo: O Globo
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O crescente temor sobre o custo de financiamento da dívida da Itália gerou ontem forte estresse nos mercados internacionais, que operaram em queda pela manhã. Investidores viram, contudo, avanços nas negociações na região ao longo do dia, e as principais bolsas se recuperaram. Uma exceção foi a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que, pressionada por preocupações com a inflação, recuou 0,26%, aos 55.543 pontos pelo Ibovespa, seu principal índice. No câmbio, o dólar comercial avançou 0,35%, a R$1,714, sua nona valorização seguida. É a maior sequência de altas em 19 meses, o que colocou a moeda em seu maior valor desde 17 de dezembro do ano passado.

Pela manhã, os mercados operaram em baixa com investidores decepcionados com a fraca demanda no leilão de títulos do governo da Itália, após rumores de que a China poderia participar da rolagem da dívida, o que não teria acontecido. Os custos de financiamento voltaram a subir e ficaram acima de 5% nos papéis com vencimento em dez anos. O Ibovespa chegou a recuar 0,93% de manhã.

— O mercado operou entre os campos positivo e negativo, virou de uma hora para a outra. Todos estão muito nervosos sobre o que vai acontecer na zona do euro — disse Gustavo Mendonça, economista da Oren Investimentos.

Real tem uma das maiores desvalorizações do mundo

Segundo analistas, investidores acabaram se agarrando à esperança de uma notícia positiva na teleconferência que acontece hoje entre o primeiro-ministro grego, George Papandreou, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. Ontem, Merkel afirmou que está determinada a estabilizar a situação da zona do euro.

Os mercados na Europa tiveram, assim, uma impressionante recuperação após o tombo da manhã, puxados por papéis de bancos. Executivos do Société Générale e BNP Paribas negaram rumores sobre a capacidade financeira das instituições. Fecharam em alta as bolsas de Londres (0,87%), Paris (1,41%) e Frankfurt (1,85%). Milão, que recuou 2% de manhã, fechou em alta de 2,19%.

Em Wall Street, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, teve pequeno avanço de 0,40%. O Nasdaq, termômetro de ações de tecnologia, subiu 1,49%, após operar em alta quase todo o dia.

O Ibovespa, no entanto, ficou para trás e foi um dos poucos índices a fechar em queda pelo mundo. Segundo analistas, a aceleração das vendas do comércio em julho, divulgada ontem pelo IBGE, renovou preocupações sobre a inflação e afetou papéis de construtoras, bancos e varejistas. Entre as maiores perdas ficaram as ações ordinárias (ON, com voto) das Lojas Renner (6%, a R$56,89) e da construtora Gafisa (3,40%, a R$7,10). Os papéis preferenciais (PN, sem voto) do Itaú Unibanco caíram 1,06% (para R$27,99) e do Bradesco, 0,67% (a R$28).

Entre as varejistas, as ações das Lojas Americanas escaparam da queda após a empresa decidir captar R$500 milhões em debêntures no mercado. As ações PN subiram 3,59%, para R$16,15. A expectativa de que a B2W Varejo também possa anunciar uma captação levou os papéis da empresa a subirem 9,58%, a R$17,72, liderando a alta do índice.

No mercado de câmbio, as moedas fecharam em diferentes direções. Além do real, o dólar americano valorizou-se ante a libra (0,46%) e o dólar australiano (0,21%). Mas perdeu frente ao rand sul-africano (1,55%) e ao dólar canadense (0,72%). Com a nona alta frente ao real, o dólar comercial acumula agora avanço de 7,60% no mês, uma das maiores valorizações do mundo, atrás do franco suíço. No ano, a moeda passa a subir 2,88%.

Segundo João Ferreira, da Futura Corretora, o avanço da moeda americana tem incentivado exportadores brasileiros — principalmente de commodities como milho e soja, por exemplo — a entrar no país com os dólares que estavam em bancos no exterior.



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