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Em busca do emprego perdido

Veículo: DCI
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Além de sinalizar a direção correta, a decisão do Conselho de Política Monetária do Banco Central de reduzir a taxa Selic de 12,50% para 12% produziu alguns retornos insuspeitados, dentre os quais a rejeição pública à atitude arrogante e irresponsável de "analistas" para quem o Banco só é "independente" se se submeter à influência do setor financeiro privado. - A hora é de saudar a "estatização" do Banco Central. Com o apoio da política fiscal de longo prazo do governo do Dilma, ele poderá dar sequência à resolução do maior enigma brasileiro: a normalização da teratológica taxa de juros real que nos acompanha há quase duas décadas. É isso que vai permitir o desenvolvimento da economia, com o mercado interno em expansão e a manutenção dos níveis de emprego.

A importância dessa decisão é evidente, porque a economia no exterior continua se despedaçando e isso tem consequências para o crescimento de nossa produção e das exportações. Além da quebradeira na Eurolândia, os Estados Unidos (ainda a maior potência mundial) se envolveram em problemas que mostram uma enorme e perigosa disfuncionalidade política. Apesar do brutal esforço fiscal e monetário que salvou o sistema financeiro (cujos agentes produziram a crise e saíram alegres com gordos bônus sem serem incomodados), a dificuldade continua sendo a de não dar oportunidade de trabalho a 25 milhões de honestos cidadãos desempregados ou fazendo "bicos".

Basicamente, os EUA enfrentam um problema moral. O sistema financeiro deveria mesmo ser salvo, mas não, necessariamente, os seus acionistas e administradores. É claro que os abusos do subprime (estimulados pela miopia do próprio Governo e a conivência de suas agências) deveriam ter sido corrigidos com uma política diferente da que deu todo o poder aos bancos (que foram cúmplices no processo) para executarem as hipotecas.

Ao aceitar os conselhos de uma assessoria econômica herdeira do velho incesto entre a Academia e as Finanças, o presidente Obama desperdiçou o seu capital político, ao não perceber que a missão de seu governo era a salvação dos empregos.

Como esperar uma recuperação do consumo com os cidadãos despejados de suas casas? Como esperar a recuperação dos investimentos sem perspectiva de aumento do consumo? O presidente está agora num esforço desesperado para tentar reencontrar, até as eleições, o tempo perdido (melhor dito, os empregos perdidos) e reverter a curva de impopularidade que na última pesquisa registrou pela primeira vez menos de 50% das manifestações de apoio ao seu governo.

Não podia ser muito diferente, quando são conhecidas as primeiras estimativas para o crescimento anual do PIB americano, de apenas 1% em 2011. Quando comparada a taxa de crescimento no 2º trimestre com a do 1º, verifica-se que a componente do consumo privado caiu (-1,17), a do investimento cresceu (0,31), a das exportações líquidas cresceu (0,43) e a do governo (consumo mais investimento) cresceu (1,05%). A pequena recuperação do PIB se deveu à redução da componente demanda privada.

O problema americano só poderá ser resolvido com um programa de aceleração do crescimento com ênfase na recuperação do emprego. Isso seguramente, não ocorrerá com uma política fiscal tímida e mal focada. É preciso recuperar a confiança dos trabalhadores para que aumentem seu consumo e dos empresários para que aumentem os seus investimentos.


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