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Superávit do Brasil com Argentina pode chegar a US$ 8,5 bi este ano

Veículo: O Estado de São Paulo
Seção: Economia
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A balança comercial do Brasil com a Argentina continua exibindo um crescente superávit a favor do mercado brasileiro. Isso é o que indicam os dados da consultoria Abeceb que sustentam que, nos primeiros oito meses deste ano, o Brasil acumulou um saldo favorável de US$ 3,727 bilhões com a Argentina. Isso equivale a um aumento de 95% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Desde o início do ano, a Argentina comprou US$ 14,681 bilhões de produtos "made in Brazil", o equivalente a 31,5% a mais do que no mesmo período do ano passado. Na contramão, o Brasil importou US$ 10,954 bilhões de mercadorias "made in Argentina", alta de apenas 11,6%.

A expectativa dos analistas é que 2011 será encerrado com um superávit de US$ 8,5 bilhões para o Brasil. Este número causa urticária nos empresários argentinos dos denominados "setores sensíveis" (têxteis, calçados, autopeças, entre outros) que alegam que seu país está sendo alvo, novamente, de supostas "invasões" de produtos brasileiros.

Em agosto, a balança comercial registrou um superávit a favor do Brasil em US$ 767 milhões, equivalente a um aumento de 78% em comparação com o saldo favorável do mesmo mês do ano passado.

O saldo de agosto foi decorrente das exportações brasileiras com valor equivalente a US$ 2,205 bilhões para a Argentina e das vendas de US$ 1,438 bilhão de produtos argentinos para o Brasil. Com este resultado, agosto foi o mês que bateu o recorde da relação comercial bilateral.

Dureza. "Se é pela Argentina, continuaremos sendo duros". Dessa forma, em plena campanha eleitoral para sua reeleição, a presidente Cristina Kirchner declarou na semana passada que seu governo continuará aplicando medidas protecionistas para defender a indústria nacional.

"Queremos que os veículos sejam fabricados com mais autopeças nacionais", sustentou. Depois, avaliou as queixas do exterior sobre o protecionismo local: "Às vezes dizem coisas como 'vocês são durões, enfiam licenças por aqui, cotas por ali'. Mas, se ser duro é conseguir mais trabalho para a Argentina, mais produção para o país, mais peças que sejam feitas aqui, temos a obrigação de fazê-lo pelo bem de 40 milhões de argentinos".

Em seu discurso, durante a celebração dos 60 anos da instalação da Mercedes-Benz na Argentina, Cristina não citou diretamente os países que supostamente ameaçam a indústria local, embora os empresários argentinos costumem reclamar contra o Brasil e a China.

Durante um comício na província de Corrientes, o ministro da Economia, Amado Boudou, defendeu a aplicação de barreiras para complicar a entrada de produtos estrangeiros. "Quando defendemos as fronteiras dos produtos de fora, estamos defendendo o trabalho dos argentinos", sustentou Boudou, que é o vice na chapa presidencial de Cristina Kirchner.

As medidas protecionistas argentinas afetam 23% das vendas brasileiras para o país vizinho.

Informações extraoficiais indicam que o governo Kirchner continuará trabalhando nos próximos meses para conseguir mais acordos "voluntários" de autorrestrição das exportações para a Argentina.

Esse recurso implica que empresários brasileiros aceitem a imposição de cotas para a venda no mercado argentino.

Esse modus operandi já foi aplicado à entrada de frangos, calçados, geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupa feitas no Brasil. Entre as principais defensores das medidas protecionistas está a ministra da Indústria, Débora Giorgi, cotada para substituir Boudou no Ministério da Economia se Cristina Kirchner for reeleita no dia 23 de outubro.


Comércio bilateral

US$ 3,727 bilhões é o saldo favorável que o Brasil acumulou em relação à Argentina nos oito primeiros meses deste ano, um aumento de 95% em relação ao mesmo período do ano passado

US$ 14,68 bilhões é o quanto a Argentina comprou de produtos "made in Brazil" desde o início do ano


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