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Europa preocupa mais do que EUA

Veículo: O Globo
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Mais do que os Estados Unidos, a situação da Europa é o principal motivo de preocupação da equipe econômica. Dos números da região dependerão, em boa medida, os passos seguintes da política econômica brasileira. Dentro da equipe, já se considera um crescimento da economia brasileira este ano de 3% a 3,5%. Oficialmente, a Fazenda mantém 4% e o Banco Central (BC) se prepara para revisar o número para 3,5% no Relatório de Inflação a ser divulgado neste mês.

A avaliação é que a situação deteriorou muito lá fora e que, para garantir o crescimento, como quer a presidente Dilma Rousseff, é preciso agir antes de a crise se agravar. Os incentivos fiscais seriam setoriais e mesmo para setores já apoiados.

— O importante é que temos um modelo voltado para o crescimento — disse um técnico.

O corte de juros em meio ponto percentual considerou a piora das economias europeias e um cenário mais sombrio discutido entre os bancos centrais em reunião há duas semanas em Jackson Hole, nos EUA, da qual participou o presidente do BC, Alexandre Tombini. O quadro internacional será o principal tema da conversa entre o ministro da Fazenda Guido Mantega e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, nos próximos dias.

— A Europa é motivo de preocupação maior por representar mais incertezas — disse um integrante da equipe econômica.

Há um consenso dentro do governo de que há canais de contaminação da crise para a economia doméstica — caso dos fluxos de investimentos, do crédito e da confiança de consumidores e empresas.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) não descarta recessão nos países desenvolvidos. Para a entidade, as medidas adotadas pela Europa, buscando cortar o déficit fiscal para reduzir a dívida pública, devem ser “um tiro que pode sair pela culatra” e podem acabar levando a situação lá fora a afetar os emergentes.

— Já vimos esse filme na América Latina. Agora é uma reprodução em grande escala, e pode ter efeitos em outros países — disse ao GLOBO Alfredo Calgagno, um dos autores do Relatório de Comércio e Desenvolvimento da Unctad.



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