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Ecodiesel reduz foco em biodiesel e se torna gigante agrícola

Veículo: Folha de São Paulo
Seção: Mercado
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A assembleia de acionistas da Brasil Ecodiesel aprovou nesta terça-feira a incorporação da empresa Vanguarda Participações, num negócio de 1,1 bilhão de reais em ações que cria uma das maiores empresas produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil.

O faturamento pro forma da nova companhia somaria R$ 1,6 bilhão, com o biodiesel respondendo por cerca de 37% do total e a produção agrícola ganhando espaço, segundo o principal executivo da empresa.

"Entramos no agronegócio porque o agronegócio tem fundamentos robustos no nosso entendimento, e é um negócio rentável", disse José Carlos Aguilera, diretor-presidente da Brasil Ecodiesel.

Segundo ele, a companhia tinha dois caminhos para entrar na produção agrícola: ou comprar terras, cujos preços estão em alta seguindo as cotações das commodities, ou encontrar parceiros estratégicos.

"Um deles é a Maeda [incorporada no ano passado] e o segundo foi a Vanguarda, que é mais ou menos três vezes o tamanho da Maeda", afirmou Aguilera.

O plantio de grãos e oleaginosas da companhia passará de 85 mil hectares em 2010/11, cultivados pela Maeda, para 286,5 mil hectares na nova safra (2011/12), com a Vanguarda.

A nova Ecodiesel deverá rivalizar com os maiores produtores agrícolas do Brasil, como o grupo argentino El Tejar, que deverá cultivar 270 mil hectares em 11/12, e o Bom Futuro, da família Maggi Scheffer, ainda não divulgou o total a ser semeado em 2011/12, mas que semeou na safra passada uma área semelhante.

A Vanguarda, controlada pelo Grupo Veremonte, do empreendedor espanhol Enrique Bañuelos, e pelo agricultor Otaviano Pivetta, conta com dez unidades de produção no Estado do Mato Grosso e tinha uma unidade arrendada na Bahia até a temporada 2010/11, cujo contrato venceu.

"Substitui a área arrendada na Bahia pelo início da exploração de 50 mil hectares no Piauí", disse o executivo, lembrando que a nova área arrendada no Piauí deverá demorar entre três e cinco anos para ser desenvolvida.

Com o fim do contrato na Bahia, a área de produção da companhia cairá em cerca de 30 mil hectares em relação a 2010/11, disse o executivo.

A atuação da Vanguarda também se estende ao ramo industrial, com beneficiamento de algodão e esmagamento de caroço de algodão para a fabricação de ração animal e óleo.

VERTICALIZAÇÃO FUTURA

Embora a Brasil Ecodiesel comercialize o produto final (biodiesel) e a matéria-prima (oleaginosas), os dois segmentos funcionarão de forma independentes com a Vanguarda.

Ou seja, a soja produzida pela nova companhia não será destinada à produção de biodiesel, e a empresa continuará comprando o óleo para o biocombustível de terceiros, até porque não conta com unidades de esmagamento de soja --principal matéria-prima para a produção de biodiesel no país.

Mas o diretor da companhia não descarta o movimento no futuro.

"Talvez um dia, a gente chegue ao que chamamos de verticalização futura, o contínuo crescimento da área vai nos levar um dia a termos um porte que a gente pudesse se autoabastecer".

Com a conclusão da operação, o empresário de Mato-Grosso Otaviano Pivetta vai ser o sócio com o maior número de ações na Brasil Ecodiesel, com 32% do total, seguido pela Veremont, com 21%.



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