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Fundo cambial foi a melhor aplicação no mês que marcou a piora da crise

Veículo: O Globo
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Os fundos cambiais foram a melhor aplicação no turbulento mês de agosto, marcado pelo corte na nota de crédito dos Estados Unidos pela Standard & Poor’s (S&P;) e temores sobre o alastramento da crise nos países da zona do euro. Esses fundos, que aplicam a maior parte do patrimônio em dólares e euros, renderam 3,52% no mês até o dia 26, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os investidores que colocaram dinheiro nos mercados de ações, no entanto, registraram grandes perdas no mês.

Quem destinou parte dos recursos do FGTS para ações da Petrobras e Vale, por exemplo, viu seu dinheiro encolher 15,56% e 12,90% no mês. O tombo é efeito das perdas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O Ibovespa, referência do mercado, caiu 3,96% no mês, o pior agosto em três anos. Os fundos de ações que acompanham o índice registraram perdas de 9,38% até o dia 26, mas devem fechar o mês um pouco melhores.

— Vimos um movimento claramente de pânico em agosto. E isso significa Bolsa em baixa e dólar em alta. O euro também se valorizou, apesar de na Europa termos visto toda a pressão sobre os títulos da Espanha e Itália — afirma Mauro Schneider, economista-chefe da corretora Banif.

No câmbio, além do pânico nos mercados, a alta de agosto está ligada ao “pedágio” que o governo passou a cobrar de investidores no mercado futuro. Eles passaram a pagar 1% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) quando suas operações líquidas vendidas (apostas na queda do dólar) superam US$10 milhões.

— Os fundos cambiais ganham apenas quando o dólar se valoriza. E a tendência do dólar segue de desvalorização, apesar do repique que teve em agosto. É uma aplicação muito volátil. É preciso ter cuidado. Tanto que esses fundos ainda têm perdas acumuladas no ano e em 12 meses — afirma Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec/Rio.

E num mês de reversão nas expectativas sobre os juros básicos da economia, a renda fixa (prefixada) seguiu como uma das melhores aplicações. Esses fundos renderam 1,09% até o dia 26, um excelente retorno. Os fundos DI (pós-fixados, acompanhando a Selic) renderam 0,95% em agosto, também uma boa remuneração.

O administrador de investimentos Fabio Colombo lembra, contudo, que os ganhos com essas aplicações dependem da taxa de administração cobrada por cada fundo, o que pode corroer parte dos ganhos.

— Tanto que a poupança está interessante para quem não tem acesso a fundos DI ou de renda fixa com taxas de administração inferiores a 3% a 3,5% ao ano — afirma Colombo.

Bovespa sobe 2% e dólar sobe 0,25%, a R$1,593

Já os fundos multimercados multiestratégia (que podem investir em diferentes ativos, como ações, moedas e juros) registraram mais uma vez um fraco rendimento, de 0,64% no mês. Esse ganho relativamente baixo foi praticamente todo corroído pela inflação, que acelerou para 0,44% pelo IGP-M em agosto. No ano, o desempenho dos gestores permanece fraco: 4,43%.

Ontem, o Ibovespa avançou 2%, aos 56.495 pontos, embalado por pedidos das indústrias americanas — que subiram 2,4% em julho, o maior nível em quatro meses — e expectativa de novas medidas de estímulo nos EUA. Também ajudou a perspectiva de redução dos juros no Brasil. O dólar comercial avançou 0,25%, a R$1,593, e teve a maior alta mensal (2,51%) desde maio de 2010.

— O tamanho da queda do início de agosto não teve fundamentos — avaliou Georges Catalão, gestor da Lecca Investimentos.



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