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Pequenas empresas sonham com o mercado americano

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil
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Enquanto tradicionais exportadores se queixam do câmbio e temem os efeitos da crise, pequenas empresas tentam remar contra a maré e buscam o ainda maior mercado mundial, os EUA. Empresários do setor alimentício marcaram presença em evento realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para promover os embarques brasileiros com destino aos EUA. Nas palestras e encontros setoriais, exportadores veteranos, e outros que estão começando, compensavam a ausência de segmentos como têxteis e calçados.

Segundo Juarez Leal, coordenador de desenvolvimento de novos produtos da Apex, "os EUA ainda são a maior locomotiva do mundo, a renda per capita dos americanos atingirá US$ 53 mil em 2014 e existe consumo para ser disputado". O Brasil, disse ele, só precisa "reposicionar sua oferta de exportações."

Como regras para se dar bem no mercado mais competitivo do mundo, foram apontadas a descoberta de nichos para a colocação dos produtos - já que concorrer nas mesmas fatias de mercado das grandes empresas americanas é muito mais difícil - e a necessidade de esquecer o "mercado da saudade", ou seja, produtos específicos para brasileiros que moram nos EUA, que, em sua maioria, recebem salários baixos e, em caso de crise, são a primeira faixa de renda que para de consumir.

A Distillerie Stock do Brasil seguiu essa receita por acaso e espera estar no mercado americano em 2012 com o Kaly, espécie de xarope com sabor de frutas que pode ser usado para fazer drinques alcoólicos e não alcoólicos. No mercado nacional, a empresa atua mais em bebidas alcoólicas.

"Nunca demos muita bola para o mercado americano, porque ele é muito competitivo", conta a gerente de exportação da companhia, Valéria Cristina Natal. Em uma reunião na Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (ABBA), Valéria conheceu um comprador de produtos brasileiros da Sysco, maior distribuidora americana de food service. Ele pediu uma amostra do Kaly e, depois de seis meses, surgiu o convite para exportar o produto. "Estamos muito animados, porque o mercado americano de aperitivos é muito desenvolvido e vários vendedores se interessaram", diz.

Outro caso é a Maricota Alimentos, com sede no interior de Minas Gerais. A gerente de comércio internacional Camila Ozório foi ao seminário para levantar maneiras de como colocar no mercado americano toda a linha de produtos da empresa, além do pão de queijo congelado e pré-assado, que já são vendidos nos EUA. Desde que a Maricota começou a exportar, em 2009, o faturamento cresceu 6%.

A companhia tem planos de expandir a fábrica em Luz (MG), atualmente com 500 funcionários, para atender à demanda das exportações, que também têm como destino Argentina, Chile, Espanha, Luxemburgo, Angola e, mais recentemente, a África do Sul. "Com a colocação de toda a linha nos EUA, pretendemos aumentar nossas exportações em 20%", afirma Camila.

Para ela, a Maricota e outras empresas de alimentos têm se dado bem nos EUA porque chegam mais bem preparadas, com facilidade de se adequar ao consumidor e em um segmento que sofre menos com crises. "O consumo de alimentos teve até uma queda em 2009, mas nada considerável a ponto de desistirmos do projeto de exportar."

A Blend Coberturas, especializada em coberturas de sorvete, ainda não exporta a produção, mas quer começar pelos EUA. O diretor da empresa paulistana, Neudo Lambertucci Filho, foi ao evento da Apex para prospectar informações sobre o mercado americano. "Se você entrar lá, entra em qualquer outro. Se não conseguir entrar, tem que reavaliar seu produto", acredita. (AM)



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