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Veículo: O Globo
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O recrudescimento da crise levou os investidores a sacarem recursos aplicados no Brasil na semana passada. Segundo dados do Banco Central (BC), na primeira semana de agosto houve saída líquida de US$362 milhões da chamada conta financeira do fluxo cambial. Ela registra investimentos estrangeiros na Bovespa, em títulos públicos, renda fixa e direcionados ao setor produtivo. Foram aplicados no país por estrangeiros na semana passada US$6,745 bilhões, mas os saques somaram US$7,106 bilhões. O fluxo geral de entrada e saída de moeda do país só ficou positivo em US$3,5 bilhões entre os dias 1º e 5 graças à conta comercial.

Os exportadores aproveitaram a interrupção momentânea do derretimento do dólar — a cotação chegou a ultrapassar R$1,60 na semana passada — para trazer ao país a receita obtida com as vendas no exterior. Com isso, houve entrada líquida de US$3,94 bilhões na rubrica de comércio, resultado de US$7,054 bilhões em exportações e US$3,114 bilhões em importações.

No ano, o fluxo cambial registra o ingresso de US$59,237 bilhões no Brasil, o segundo maior resultado da História, perdendo apenas para os US$87,45 bilhões que entraram, em 12 meses, em 2007. Em 2010, o país recebeu US$24,35 bilhões.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, engrossou ontem o coro do Executivo e sustentou que a boa situação fiscal do Brasil é um diferencial que torna o país mais bem preparado para enfrentar a turbulência mundial. Tombini admitiu, porém, que a economia brasileira continua sujeita a sobressaltos decorrentes da especulação com o dólar, o que pode causar novas valorizações do real frente à moeda americana:

— Temos um longo caminho pela frente, até que a consequência fiscal da crise seja absorvida pelas economias. O que nós sabemos é que o mundo crescerá menos do que se supunha antes. (Flávia Barbosa e Eliane Oliveira)