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Analistas preveem alta mais comedida dos agropecuários em agosto

Veículo: Valor Econômico Online
Seção: Indicadores
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SÃO PAULO- Os produtos agropecuários foram os principais responsáveis pela rápida aceleração da primeira prévia do IGP-M, que reverteu queda de 0,21% em julho para alta de 0,22% em agosto. O número veio acima do esperado pelo mercado, que previa elevação de 0,17%. Analistas projetam que os IGPs continuarão avançando em agosto, puxados pelos preços agrícolas, mas que alta no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) não será tão forte quanto a registrada no primeiro decêndio de agosto.

O IPA teve elevação de 0,28% na medição atual, contra recuo de 0,36% na anterior. Os produtos agropecuários subiram 0,80% e os industriais, 0,10%. Os itens que mais aceleraram o IPA agropecuário foram soja em grão, que saiu de queda de 1,79% para alta de 1,97%; suínos, que subiu 17,56%, ante deflação de 6,98% na medição anterior; e bovinos, que deixou retração de 1,10% para avanço de 1,96% na primeira prévia deste mês.

“As coletas dos últimos dias já dão sinais de esgotamento dessa alta”, afirma Fabio Ramos, da Quest Investimentos, que previa taxa de 0,15% para a primeira prévia do IGP-M. “A soja foi a quarta maior pressão e no mês que vem já pode cair 2%”, prevê. Ele ressalta que as commodities estão andando de lado no médio prazo, sem perspectivas de mudanças, o que irá compensar parte do avanço nos preços agrícolas.

Thiago Carlos, da Link Investimentos, observa que o avanço no IPA agrícola ficou muito concentrado na primeira prévia, já que a variação de preços é calculada nos primeiros dez dias do mês em comparação à média de todo o mês anterior. “Nesses dez dias teve um aumento muito forte de suínos, aves, bovinos e soja. O impacto ficou bastante concentrado. A tendência é esses preços continuarem acelerando, mas não tão rápido”, comenta ele, que revisou sua projeção para o IGP-M de agosto de 0,31% para 0,37% após a divulgação de hoje. Ramos trabalha com taxa de 0,40%.

Segundo Carlos, o movimento que mais surpreendeu na atual leitura foi o avanço dos produtos industriais, motivo pelo qual ele mudou sua previsão do índice geral para o fim do mês. “Tínhamos previsto deflação de 0,05% e veio 0,10% positivo. Pode ter ocorrido uma pressão um pouco maior de alimentos processados”, que saiu de queda de avanço de 1,31% para alta de 2,83%.

Os dois analistas concordam que os industriais não terão pressão significativa nos próximos índices, e que a aceleração se dará principalmente pelos produtos agropecuários. “A aceleração dos industriais deve ser bem mais gradual”, diz Carlos. Ramos acredita que os industriais ficarão estacionados até o fim do ano, o que evita revisões maiores da Quest para os IGPs. “Há uma atenuação da pressão em siderurgia e plástico, o que provavelmente acontecerá em têxteis por conta da queda do algodão”, sustenta.

O analista da Quest alerta, no entanto, que no fim do ano pode haver uma pressão inflacionária maior no grupo devido ao álcool. “Há promessas de novos problemas na safra porque falta álcool, então no fim do ano até março o IGP pode dar uma boa acelerada”.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também terá influência, ainda que menor, na ascensão dos IGPs, segundo os dois economistas. Na primeira prévia de agosto, o IPC teve alta de 0,07%, frente deflação de 0,20% no mesmo período de julho. De acordo com Ramos, a alta poderá vir das carnes processadas, que já estão subindo no atacado. Carlos destaca que o período sazonal de queda do vestuário já acabou, e que os IPCs estão acelerando até mais devagar do que o projetado pela Link.



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